Enviada em: 25/10/2018

Na mitologia grega, as sereias eram seres que enfeitiçavam os marinheiros, para que os mesmos, hipnotizados por seu canto, chocassem contra as rochas e se tornassem presa fácil. Analogamente, no Brasil, a publicidade infantil têm condicionado a formação em massa de pensamentos consumistas nas crianças do país, principalmente por descasos no âmbito social e governamental.       De início, nota-se que o atual modo de ensino em grande parte das escolas do Brasil tem tornado as crianças mais suscetíveis ao conteúdo publicitário. No país, o modo de ensino acaba por primar mais o conhecimento técnico do que o desenvolvimento do pensamento crítico, necessário para uma maior reflexão acerca das informações que a criança recebe desde os primeiros anos de vida, e cuja falta torna-a facilmente influenciável. Consequentemente, com uma fraca capacidade de percepção, a exposição frequente a propagandas publicitárias acaba por gerar uma mentalidade consumista, altamente prejudicial para a formação social, econômica e ecológica, já que tal pensamento prioriza a compra de produtos em detrimento do bem-estar individual, coletivo e ambiental.       Adicionalmente, a falta de regulamentação governamental sobre os aspectos da publicidade infantil abrem margens para a perpetuação desse cenário. Nesse viés, apesar de existirem tentativas de impedir a propagação de tais propagandas, como a resolução feita pelo Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente em 2014, que considerou abusivos todos os comerciais destinados a persuadir as crianças, ainda falta muito para que uma maior proteção aos infantos seja, de fato, garantida. Prova disso é o fato de que os parâmetros a serem seguidos pelas propagandas desse cunho no país são definidos pelo Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária, compostos por representantes da área, e cuja natureza comercial limita uma proteção eficiente.       Diante do exposto, urge a necessidade de se proporem medidas para a resolução dessa problemática. Uma delas é a atuação do Ministério da Educação, órgão máximo de delimitação dos projetos de educação no Brasil, na criação de programas de ensino que contenham trabalhos, atividades e disciplinas que busquem desenvolver o pensamento crítico, visando garantir uma maior capacidade de reflexão nas crianças. Ademais, o Poder Público deve proibir a publicidade infantil nos meios de comunicação para garantir uma menor exposição desse público a situações que possam persuadi-los. Somente desse modo as crianças não sofrerão o mesmo destinos dos marinheiros, enfeitiçados pelo canto das sereias.