Enviada em: 04/08/2017

A publicidade direcionada para o público infantil, no Brasil, representa um desafio a ser enfrentado de forma mais organizada pela nossa sociedade. Se por um lado, as crianças são indivíduos suscetíveis ao bombardeio de propagandas que incentivam o consumo exagerado, por outro, elas necessitam compreender a dinâmica de funcionamento da organização social capitalista no mundo. Nesse sentido, cabe analisarmos os principais aspectos envolvidos nesta problemática para nosso país.       Em primeiro lugar, de acordo com o conceito de minoridade intelectual, elaborado pelo filósofo Immanuel Kant, o cidadão só está apto a fazer decisões por conta própria após atingir um certo nível de experiência de mundo que o torne emancipado do pensamento de outrem. Sendo assim, a suscetibilidade das crianças quanto às interferências do meio em que vivem favorece para que sejam influenciadas, pelas propagandas, a tornarem-se consumidores inconscientes no futuro. Desse modo, as empresas publicitárias devem assumir a sua responsabilidade ética frente à produção de comerciais destinados a este público, de forma a não prejudicarem o desenvolvimento emocional infantil.       Entretanto, estes seres em formação de caráter necessitam de estímulos que os ajudem a tomar decisões importantes quando forem adultos. Segundo o jornal “A Folha de São Paulo”, países, como a França e o Chile, recomendam que as propagandas infantis contenham advertências referentes ao excesso do consumo e incentivem a prática de uma alimentação saudável. Logo, não é possível que isolemos as crianças de toda e qualquer influência exterior e, dessa forma, prejudicarmos a sua capacidade de escolha responsável futuramente.       Medidas, portanto, são necessárias para mediar este impasse. O governo deve legislar questões referentes à publicidade infantil, por meio de projeto de lei que regulamente o conteúdo destinado a esta parcela da sociedade, de modo a serem evitados exageros apelativos ao consumo, por parte das crianças. Paralelamente a isso, a família pode ensinar aos pequenos a utilizarem responsavelmente o dinheiro, por intermédio de jogos educativos que tratem de educação financeira, além de destinar uma mesada para colocarem em prática o aprendizado. Decerto, assim, a publicidade infantil deixará de ser um problema dos pais na educação dos filhos e os ajudará na formação da consciência sobre o sistema capitalista que ordena as relações econômicas mundiais, às quais todos, inevitavelmente, estamos submetidos.