Enviada em: 09/07/2018

Desde 1891, com a primeira constituição republicana, o Brasil vive a expectativa de uma democracia preconizadora do bem-estar da coletividade. Contudo, no país, a persistência da violência contra a mulher vai de encontro a esse anseio, uma vez que restringe e desqualifica a vida de tal grupo. Desse modo, deve-se analisar a herança histórico-cultural, além da inércia da sociedade no combate à problemática, fruto direto do individualismo na sociedade contemporânea.     A priori, indubitavelmente, a inferiorização da mulher na sociedade é a principal causa da violência sofrida por esse grupo, visto que deriva de uma crença equivocada, introduzida, na Antiguidade por diversos filósofos. De acordo com o Pierre Bourdieu, em sua teoria "Habitus", toda sociedade incorpora os padrões sociais impostos e os reproduzem ao longo das gerações. Certamente, o equivocado pensamento de diversos filósofos que possuíam grande influência intelectual, como Aristóteles que, disseminou pelo mundo a seguinte frase "A mulher é um homem incompleto; um homem castrado", impôs a inferiorização da mulher. Sendo assim, a sociedade incorporou essa imposição e naturalizou tal crença de que a mulher é ínfera ao homem. Isso é notório, à medida em que 43700 mulheres foram assassinadas entre 2000 e 2010, segundo o levantamento do mapa da violência de 2012.    Outrossim, a violência contra a mulher não encontra barreiras, de maneira análoga a primeira lei proposta por Newton, a lei da inércia na qual afirma que um corpo tende a se manter em repouso até que uma força externa o desloque, a sociedade brasileira se demonstra inertes frente a essa questão, decerto, pelo individualismo cultivado na sociedade hodierna. Conforme defendeu Zygmunt Bauman, nas obras que retratam a liquidez do momento em que vivemos, o individualismo, é lamentavelmente, comum. Isso é notável, à proporção em que a comunidade brasileira não tem um sentimento de empatia com o próximo e, inquestionavelmente, acaba não auxiliando as mulheres vitimas de violência, tornando tal prática um senso comum. Dessa maneira, a inércia da sociedade, gerada pelo individualismo contemporâneo corrobora para a problemática.        Destarte, para enfim alcançar o bem-estar da coletividade, é imprescindível que a persistência da violência contra mulher seja sanada. De certo, para isso é necessário que a mídia, como potente formadora de opinião nacional, insira em seu repertório programas que abordem o emponderamento feminino, para que as mulheres não sejam mais inferiorizadas pela sociedade em geral. Ademais, é preciso que a mídia, aplique campanhas e debates de abrangência nacional, elaboradas pelo Ministério da Educação e da Saúde, com a temática da violência contra as mulheres, com o intuito de criar um senso de solidariedade na população, para que todos os cidadãos unam-se para sanar a problemática.