Em sua obra Senhora, José de Alencar compõe uma crítica aos valores da sociedade, no que se refere ao papel da mulher, entendida como submissa à vontade do marido. Nesse viés, o romance urbano retrata uma sociedade patriarcal que se verifica ainda nos dias atuais diante da persistência da violência contra a mulher no Brasil, fato que se agrava ante a ineficiência de políticas públicas de proteção às vítimas. A princípio, a violência contra a mulher possui raízes históricas, uma vez que, o sexo feminino sempre foi visto como inferior e incapaz de exercer as mesmas funções sociais que um homem, o que se comprova pela filosofia moral proudhoniana, na qual a mulher tem valor intelectual menor. No atual contexto, pensamentos arcaicos como o de Proudhon fomentam a segregação entre gêneros, levando muitas pessoas a julgar correto desrespeitar e agredir mulheres. Ademais, medidas públicas que poderiam sanar o quadro supracitado se tornam ineficazes. Isso porque, ao denunciar o agressor, nem sempre as vítimas encontram profissionais preparados para lidar com casos de agressão à mulher e nem a proteção necessária. Além disso, a delação do criminoso não representa a imediata solução do caso, já que os processos judiciais são lentos, como se constatou através de uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, a qual apontou a falta de juízes em audiências de violência doméstica e insuficiência do atendimento psicossocial às vítimas. Infere-se, portanto, que medidas devem ser tomadas para garantir a segurança das mulheres no país. Primeiramente, concerne ao Poder Judiciário maior rapidez na conclusão de casos de agressão, através da contratação de mais profissionais adequados para lidar com essas ocorrências. Somado a isso, compete ao Ministério da Educação à implantação de uma matéria, em todos os níveis de ensino, que trate da igualdade de gênero, a fim de desconstruir desde cedo estigmas preconceituosos que poderiam gerar futuros agressores, garantindo assim o bem estar social.