Enviada em: 21/10/2018

A obra " A hora da Estrela", de Clarice Linspector, conta a história de Macabéa, uma estrangeira que, ao vir morar no Brasil, se depara com uma realidade lamentável: a postura machista e opressora  de muitos brasileiros que leva a frequentes casos de violência contra mulher. De fato, esse cenário, infelizmente, ainda persiste intrinsecamente ligado ao contexto do pais, seja pelo caráter histórico de uma sociedade machista e intolerante, seja pela insuficiência de medidas no combate ao problema.         Mormente, vale ressaltar que marcas de épocas passadas ainda se mostram presentes nos tempos hodiernos. Partindo dessa verdade, a problemática assume uma viés histórico, uma vez que, há muito, a mulher é vista como inferior ao homem. Em defesa disso, no ano de 1980, por exemplo, mais de 92 mil cidadãs foram assassinadas no Brasil. O Instituto de Pesquisa da USP, órgão responsável pelo dado, revela que ao se entrevistar os autores dos crimes, eles alegam motivos fúteis, como o que a mulher ainda é um sexo inferior ao do homem. Logo, comprova-se que o antigo caráter machista ainda se mostra como uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento.        Outrossim, é indubitável que a negligência do Estado em não se voltar com devida atenção para o assunto constitui outro cenário desafiador. Conforme Aristóteles, a poética deve ser usada de modo que, pela justiça, se alcance a harmonia. Todavia, a insuficiência de medidas no combate ao infortúnio, como o uso da mídia e a construção de delegacias especializadas nesse tipo de crime, rompe com o princípio aristotélico de harmonia, o que corrobora a perpetuação do problema.      Fica claro, portanto, que a persistência da violência contra mulher no Brasil constitui uma ameaça para a sociedade e, dessa forma, medidas concretas se fazem necessária para superar esse revés. Destarte, cabe ao Ministério da Educação, em parceria com instituições de ensino, fomentar nas escolas o combate à visão preconceituosa de que o homem é um sexo superior ao da mulher, por meio de palestras e discussões em sala de aula, com o fito de formam pessoas com uma pensamento crítico e que respeite a cidadã de forma igual ao cidadão. Ademais, é imprescindível que o Estado, por meio de verbas e investimentos, construa delegacias especializadas nesse tipo de crime, a fim de que mais uma barreira seja criada para minorar os casos de violência. Por fim, a mídia, com seu forte poder coercitivo, em parceria com grandes companhias televisivas de concessão estatal, precisa ajudar na profilaxia da problemática, promovendo propagandas com mensagens impactantes e conscientizadoras, com o objetivo de convidar a população a denunciar atos hediondos que ameacem a integridade física ou psicológica da mulher, para que, dessa maneira, os casos de violência contra esse sexo sejam evitados. Decerto, assim, poder-se-á construir um Brasil mais harmônico e tolerante.