Enviada em: 23/05/2018

Livrai-nos do mal                 É indiscutível que o Brasil é um país rico em diversidade, já que esse se formou a partir de culturas distintas devido ao processo de colonização. Entretanto, é fato que os conflitos ideológicos devido a diferenças dessas, principalmente as religiosas, estão enraizados na sociedade brasileira desde esse período, visto que religiões como as de matrizes africanas e indígenas eram rotuladas como meios de feitiçaria.                Desde o primeiro contato dos europeus com a cultura dos nativos, é possível analisar a intensa supremacia das tradições ocidentais em virtude da inferioridade do modo de vida dos indígenas estabelecida pela metrópole. A Companhia de Jesus, por exemplo, foi criada justamente para difundir o catolicismo para as sociedades consideradas primitivas e evitar a ascensão do protestantismo. Além disso, com o racismo banalizado e a escravidão dos negros nesse período para obtenção de mão de obra, muitos senhores de engenhos castigavam seus escravos caso esses professassem suas crenças.              Atualmente, as religiões afro-brasileiras continuam sendo os principais alvos de ataques preconceituosos, já que foi constatado em 2017 pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos que mais de um terço das vítimas de intolerância religiosa eram do candomblé ou da umbanda, por exemplo. Ademais, apesar de o país ser um Estado laico, ainda há a interferência religiosa em decisões públicas, assim, podendo acarretar na exclusão social de alguns grupos. Um exemplo disso é a existência de uma “bancada evangélica”, que é o agrupamento de políticos evangélicos em prol do impedimento da aprovação de direitos como a legalização do aborto ou até do casamento entre pessoas do mesmo sexo.               Portanto, é fundamental a criação de campanhas televisivas e virtuais, que podem ser realizadas pelo Ministério Público, com o objetivo de incentivar as vítimas oprimidas pelas suas crenças a denunciarem o evento. Outrossim, o Ministério da Educação deve promover a obrigatoriedade do ensino religioso a fim de esclarecer aos jovens a diferença das religiões que constituem a identidade brasileira e seus costumes, além da elaboração de palestras por teólogos sobre o assunto para o restante da população. Dessa forma, é possível desenraizar a intolerância religiosa fomentada pelos europeus no século XVI.