Enviada em: 22/07/2018

O Estado Brasileiro, embora laico, tem assegurado em sua Constituição Federal a liberdade de crença religiosa. No entanto, nos últimos tempos a intolerância tem se mostrado crescente, em grande parte das vezes acompanhada de atos violentos. Vê-se, portanto, que o processo de formação do Brasil deixou uma herança histórica que tem tornado a liberdade de culto infactível.   Em primeira análise, a intolerância religiosa está presente em território canarinho desde a colonização, onde, através da catequização dos índios, foi imposta pelos jesuítas uma nova religião, pois acreditava-se que os nativos deveriam ser "civilizados", deveriam passar a viver sob a ótica de um povo "superior". Esse processo de segregação etnocêntrica foi sofrido também pelos negros escravizados que tiveram de usar do sincretismo para fugir de perseguições religiosas, podendo hoje serem encontrados traços muito semelhantes entre as religiões africanas e o catolicismo.   Em segunda análise, dada a baixa tolerância e suas raízes, a liberdade de crença tem sido ameaçada, como é possível identificar no caso de injuria racial e intolerância religiosa sofrido pela atriz Dani Ornellas em julho de 2018, onde sua vizinha a agride verbalmente por ouvir músicas de matriz africana. O direito de culto, garantido por lei, na prática é irrealizável, pois não há respeito e/ou tolerância por parte dos indivíduos.   Dado o exposto, a intolerância religiosa no Brasil é parte de uma herança histórica e, como foi dito por Immanuel Kant, "O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele". Portanto, é necessário que o Ministério de Educação e Cultura implemente o ensino de ciências da religião nas escolas, com aulas ministradas por professores capacitados ou cientistas religiosos, de forma a desenvolver nos alunos o respeito e a tolerância, através do estudo da história das religiões, para que assim a intolerância religiosa não seja mais disseminada.