Enviada em: 02/09/2018

A Magna Carta Brasileira, de 1988, garante o direito à vida, à igualdade e à liberdade. Todavia, a prática deturpa a teoria uma vez que a intolerância religiosa se faz presente no país, ainda que discretamente, fruto de uma ética cristã fundamentada no Catolicismo já ter sido a religião oficial do Brasil - e hoje a mais praticada no país. Assim, é coerente afirmar que minorias são vistas com ideias pré-concebidas sendo passíveis de tornarem-se mais radicais ao ponto de ser manifestada a intolerância religiosa como grau máximo do desconforto pelo seu semelhante. Em primeiro lugar, é necessário constatar que o Brasil é composto por diversas culturas e consequentemente há diferentes escolhas religiosas, porém todas convergindo em um só ponto: fazer o seu praticante melhor e/ou tornar a vida dele melhor - ou pelo menos torná-la um pouco mais “feliz”. Logo, é inadmissível que haja interferência, não consentida, de outrem na ótica de mundo de um indivíduo; de tal modo que o artigo 5 inciso VI da Constituição Federal afirma ser dever do Estado garantir a liberdade de culto das pessoas. Somado a isso, tem-se o fato de que a população é participante indireta nos casos de violência contra opções religiosas, principalmente, contra religiões africanas. Por exemplo, no infeliz comentário usado por um narrador esportivo através de uma expressão pejorativa em uma fala - posteriormente - se desculpou ao perceber a ofensa religiosa. Tal atitude revela o quanto a intolerância religiosa continua a ocorrer discretamente no cotidiano e, é preciso alertar a população que atitudes como o do narrador podem ser consideradas crimes se a pessoa se sentir constrangida ou ofendida. Diante desses impasses, é preciso garantir o fim desse crime sutil, mas não menos relevante na construção de uma sociedade mais aberta às diferenças. Destarte, o Ministério da Cultura deve desenvolver ações mais efetivas através de obras, palestras e representações artísticas nas escolas e nos canais televisivos para conscientizar a população no que tange ao respeito às diferenças em um país tão miscigenado como o Brasil. Com isso, somente com sólidas medidas a intolerância religiosa não mais se perpetuará como resquício de um infeliz passado na formação de um sociedade mais democrática.