Enviada em: 10/07/2018

Vozes veludas, veludosas vozes. Aspectos de cor, outrossim, ideológicos e positivistas contribuíram para a implosão literária momentânea da poética de Cruz e Sousa, poeta simbolista, o qual sintetizou, em sua obra, a dor existencial do preconceito racial em uma época de recente e precária abolição. Nesse sentido, debater, no cenário brasileiro, sobre caminhos de combate ao racismo é deveras importante, uma vez que, como acorda o escritor Monteiro Lobato, uma nação só se constrói com homens e livros, os quais devem agir para destruição de concepções arcaicas. Dito isso, é mister tratar de seus principais fatores e possíveis medidas relacionadas à resolução dessa questão.                             Mormente, ao discorrer-se acerca de tal problemática a partir da historiografia brasileira, depreende-se a perpetuação da ideologia paternalista, a qual é fundamentada em nuances superestruturais. Ademais, já esclarece, em O Capital, o filósofo alemão Karl Marx que as relações de produção, a qual denomina infraestrutura, fundamentam a prática de dominação – a superestrutura. Desse modo, a redação, em 1888, da Lei Áurea, apesar de extinguir o modo de produção, isto é, a escravidão, não findou as concepções de casa-grande e senzala. Assim, é alarmante a constância desses juízos, os quais, a recordar caso William Waack, negligenciam o conhecimento da cultura, idem, o da identidade deste país.                Concomitante ao debate histórico, o Brasil, no século XX, assistiu à feitura da declaração dos Direitos Humanos e à redação, em 1988, da sua sétima Constituição, a qual é denominada Cidadã. Dessa maneira, a igualdade é, em ambos os documentos, tema abundante. No entanto, ao abordar a condição trabalhista e educacional do povo negro neste país, compreende-se a demagogia legal, ou seja, a teoria rege tal princípio, contudo, a prática foge a ele. Prova disso, é Quarto de Despejo, livro redigido por Carolina de Jesus, o qual retrata o cotidiano, em uma favela, de uma mulher negra, a demonstrar um olhar governamental alheio às circunstâncias de vida dos mais necessitados. Por esse viés, a política de Cotas, apesar de fomentar o ingresso de jovens nas universidades, não é, lamentavelmente, assaz para promoção da igualdade geral.                  O combate ao racismo, portanto, reivindica medidas mais efetivas para promoção do que doutrina a Carta Magna. Destarte, o Governo deve investir, nas figuras dos Ministérios da Educação e Trabalho, em projetos e campanhas por meio de palestras que visem à erradicação de condutas segregacionistas, bem como, fomentar políticas trabalhistas de agregação, com o apoio de entidades e da comunidade civil no que concerne à obediência ao Princípios Fundamentais da legislação. Com isso, espera-se que o Brasil dirima tal imbróglio e erga-se como a grande nação assinalada por Lobato.