Enviada em: 05/09/2018

Émile Durkheim, sociólogo francês, afirmava que em uma solidariedade orgânica, para haver harmonia, cada parte do corpo social teria de cumprir sua função, a fim de que não ocorresse uma patologia social. Entretanto, percebe-se que essa tese não vem sendo cumprida, visto que o racismo ainda persiste no Brasil. Isso ocorre uma vez que há não só o preconceito histórico enraizado na sociedade, mas também devido a baixa atuação das famílias, escolas e do Estado..       Em primeiro lugar, ressalta-se que o preconceito oriundo de grande parte da sociedade corrobora significativamente para a permanência do racismo. Essa realidade é constatada nos diversos discursos de ódio, como no caso da atriz Taís Araújo, que ao postar uma foto na rede social, recebeu várias críticas por conta não apenas do cabelo, mas da cor da pele. Além disso, o jogador da seleção brasileira, Daniel Alves, também sofreu com brincadeiras e analogias maldosas ao quase ser atingido por uma banana enquanto trabalhava. Embora a Lei 7.716 da Constituição Federal  criminalize a prática do racismo, nota-se que muitas pessoas não temem ao denegrir a imagem de alguém com injúria racial, seja por desconhecimento dessa regra, seja por acreditar que não será punido,o que demonstra a negligência estatal.        Outrossim, é válido salientar que a deficiente participação das famílias e escolas dificulta o combate a intransigência racial. Conforme o filósofo inglês Jhon Locke, o ser humano nasce como uma folha em branco, sem conhecimento, e o adquire por meio das experiências. De modo similar, as crianças e os adolescentes são influenciadas pelo meio em que vivem, modelando o pensamento crítico com os exemplos dos pais, professores e amigos. Nesse sentido, o indivíduo ao conviver com outros que não respeitam as diferenças, poderá ser influenciado a perpetuar atitudes criminosas, as quais poderão resultar em consequências nas vítimas como desde o isolamento social até a depressão.         Evidencia-se, portanto, que medidas são necessárias para solucionar o impasse. Nesse viés, cabe ao Estado, na figura do Poder Legislativo e Executivo, não somente intensificar a rigidez da lei que condena a discriminação racial, bem como ensinar aos cidadãos, mediante cartilhas educativas, a identificar e tomar as providências corretas contra esse tipo de transgressão, com o objetivo de que essa conduta seja erradicada. Ademais, é fundamental que o Ministério da Educação em parceria com  escolas, famílias e a mídia, por meio de aulas, palestras nas comunidades, diálogo e propagandas esclarecedoras, sensibilizem a sociedade a respeitar os cidadãos, independentemente de raça, cor, sexo ou religião. Só assim essa patologia social será dirimida do país tupiniquim.