Enviada em: 21/01/2019

Ao descrever a sociedade emergente capitalista francesa no século XIX, o sociólogo francês Emile Durkheim procurou descrever todos os papéis sociais coletivos que formam o tecido social. As organizações comunitárias, muito além do Estado, desempenham papel fundamental na resoluções de problemas econômicos. Esse tipo de união, buscando um bem comum, originou, no passado, movimentos sociais e sindicatos, por exemplo. Hoje, as teias de solidariedade se expandem dia a dia, através de trocas, filantropia e bancos comunitários, por exemplo. O Estado Brasileiro, sob condição de provedor inicial de melhora de vida dos cidadãos, tem consciência da incapacidade de atuação maior na vida das pessoas, mas investe e incentiva muito pouco esses tipos de agremiações.       A primeira forma de organização é através de instituições clássicas descritas por Durkheim, como a Igreja. No começo dos anos 90, as Igrejas Pentecostais ganharam força, sobretudo em locais de maior pobreza e criminalidade, tal como favelas cariocas. Como um estado paralelo, resolvem problemas e mediam conflitos nessas áreas. Por exemplo, estas Igrejas formam a maior força de recuperação de dependentes químicos, na criação de espaços específicos para acolhimento destas pessoas. Já as escolas, em parceria com universidades, passaram a criar cursinhos populares, para facilitar o ingresso ao ensino superior de milhares de alunos.       Além destas, novos mecanismos de solidariedade foram criados. Hoje, existem redes de trocas no Brasil, uma forma de escambo moderno, favorecido pelo uso da internet. Por exemplo, uma confeiteira pode oferecer um bolo em troca de um corte de cabelo, realizado por alguém especializado nisso. Trata-se de uma revolução, pois elimina intermédios financeiros e a alienação, conceito crítico do filósofo Karl Marx, no qual as pessoas não enxergam sua participação no processo produtivo capitalista. Há o surgimento de moedas alternativas, como no Grupo Fora do Eixo, coletivo autor de conteúdo independente, que paga seus colaboradores em Cubo Cards, que oferece serviços do próprio coletivo.       Em suma, novos processos buscam a maior integração entre pessoas e eliminam intermédios do Estado e instituições como bancos. Assim, cabe ao estado fomentar as práticas que já dão certo, assim como já existe um auxílio para algumas ONGs. Com estimulo financeiro, já que a necessidade do dinheiro é imprescindível no capitalismo, até para criar alternativas dentro dele, poderiam-se incentivar a criação de organismos, que teriam autonomia para prover o bem comum, como criação de sítios virtuais reconhecidos para intermediar trocas, por exemplo. O estímulo para destravar a burocracia poderia, também, reconhecer moedas alternativas no território nacional. Assim, o governo cria alternativas que melhorem efetivamente a vida dos cidadãos, muito além do que ele pode oferecer.