Enviada em: 24/10/2017

Família perfeita: lar do amor       Pai, mãe e filho. Essa é a conhecida "família tradicional", tão defendida por setores mais conservadores da sociedade brasileira. A família perfeita de "comercial de margarina" tem sido alvo de discussão por ser um modelo limitador e exclusivo, muito afastado do contexto atual. Por essa razão, analisar e entender as novas estruturas será ma grande passo para tornar o Brasil menos injusto e segregacionista.             Primeiramente, faz-se necessário voltar alguns anos atrás para que seja possível compreender a resistência às novas configurações familiares. Sob forte influência europeia, a nação foi construída aos moldes patriarcais e machistas, no qual o pai é o chefe da casa, e a mãe, aquela que cuida do lar, marido e filhos. Para reforçar essa ideia, a Igreja Católica, mesmo após o estabelecimento da laicidade do Estado durante a passagem para a Primeira República, exercia, grande coerção sobre os fieis e defendia esse tipo de organização da célula-máter. Por isso, talvez seja tão difícil desconstruir certos preceitos, cujas raízes são profundas.            Apesar da questão cultural, ignorar as novas famílias é permitir a perpetuação de uma política que não garante a isonomia de seus cidadãos, como pretende a Constituição de 1988. Segundo dados do IBGE de 2010, mais de 50% da população já não se enquadra na forma tradicional devido a mudanças no corpo social do país, como a inserção da mulher no mercado de trabalho, a facilitação do divórcio e as relações homoafetivas. Assim, surgem núcleos formados por pessoas solteiras, avós ou tios que criam seus netos ou sobrinhos e, ainda, dois pais ou duas mães. Logo, uma consulta pública realizada pelo Senado sobre o conceito de família não faz sentido perante a realidade de muitos.             Fica claro, portanto, que é preciso compreender as transformações nas famílias brasileiras e que a perfeição está, na verdade, intimamente ligada ao amor ofertado entre seus membros. Dessa maneira, o Poder Legislativo deve reconhecer essas novas configurações e incluí-las na Constituição, de modo que seus direitos sejam assegurados. Para se combater o preconceito e a discriminação, em especial no caso de filhos de casais gays, é importante que o governo faça campanhas com propagandas e cartazes , enquanto as escolas promovam palestras e peças teatrais que abordem o tema, estimulando a empatia nos alunos e nos pais.