Enviada em: 29/07/2017

Traços do Apartheid       Na década de 50, a África do Sul foi o palco de um grande movimento segregacionista, marcado pela opressão e pela intolerância racial. Infelizmente, "às garras" de tal contexto, a problemática dos "rolezinhos" parece estar intrinsecamente relacionada, uma vez que são através de argumentos preconceituosos que tais eventos são repudiados em sociedade.       Segundo o site Datafolha, cerca de 83% dos paulistanos são contra os famosos "rolés", organizados nos principais empreendimentos do país. No entanto, o que tais cidadãos parecem ignorar é que estes eventos representam uma prática de inclusão muito forte entre jovens periféricos que, muitas vezes, por serem menos favorecidos, encontram poucos caminhos capazes de guiá-los à diversão e ao lazer. Além disso, seguranças responsáveis por estes locais e, sobretudo, consumidores que circulam pelos corredores, agregam a qualquer jovem negro a ideia de furto e de desordem, pois é cada vez mais frequente o pré-julgamento aliado à uma discriminação herdada, há séculos, por países separatistas. Isso se confirma pelo grande número de liminares que passaram a privar a entrada de jovens considerados "propensos ao crime" aos grandes centros comerciais.       Já afirmava o filósofo iluminista Barão de Montesquieu que a liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem. Nesse sentido, grupos ligados à corrente do funk ostentação viram em tais encontros a oportunidade de integrarem-se legalmente em espaços públicos, com o único objetivo de disseminar uma cultura musical que, embora seja discriminada, é fortemente explorada por um grande grupo. Assim, é cabível ao Governo Federal, em parceria com a Iniciativa Privada, organizar espaços nos shoppings próprios a reuniões de grandes grupos, como salões com proteção acústica, de modo a incentivar tal prática e de evitar que outros integrantes considerem-se incomodados com tais eventos.         Por fim, depreende-se que os "rolezinhos" representam fenômenos sociais e devem ser respeitados e garantidos com tal olhar. Para isso, as prefeituras devem estimular a prática de eventos culturais em praças públicas, com o objetivo de aproximar os diferentes gêneros e de aproximar os cidadãos. Ademais, as Escolas, em parceria com as famílias, devem organizar oficinas literárias e teatrais que fortifiquem nas crianças o desapego ao preconceito, pois é somente deixando para trás o apartheid que os direitos serão plenamente garantidos.