Enviada em: 27/05/2019

O filme estadunidense "Meninas Malvadas" retratou o cotidiano escolar de Candy Heron, uma adolescente que vivenciou o ensino domiciliar durante toda a sua infância e, após 16 anos, começou a frequentar o ambiente escolar. Nesse sentido, o filme abordou as diversas dificuldades que a jovem possuiu ao tentar se interagir não só com os alunos, como também com as atividades escolares. Todavia, o ensino domiciliar não é algo tão distante da realidade dos brasileiros, visto que transita no país a adoção dessa prática. Diante disso, é notório que esse novo panorama irá ter diversas problemáticas para sua efetiva implantação como: analfabetismo, dessocialização e crenças pessoais.  Nesse sentido, é indubitável que as populações mais afastadas dos centros urbanos, como zonas rurais e vilarejos, não possuem condições de promoverem a implantação do ensino domiciliar, visto que de acordo com o jornal O Globo, cerca de apenas 30% da população rural possui ensino médio ou fundamental concluído. Isso nos mostra a dificuldade da implantação de um ensino admissível em locais mais afastados. Além disso, foi exposto pela UNICEF que 35% dos jovens de regiões mais precárias economicamente, são obrigados a trabalhar. Porém, sem a obrigatoriedade escolar, será mais fácil burlar o controle de presenças exigido pela escola, fato que facilitaria o trabalho infantil irregular.   Ademais, observa-se que o ambiente escolar é uma instituição na qual promove a socialização do jovem e, sem a mesma, o jovem não teria contato direto com as diversidades que o ambiente escolar promove. Essa questão foi abordada pelo sociólogo Émile Durkheim, em que afirmava que a escola é a primeira ferramenta de construção da personalidade do indivíduo, já que é nela que o mesmo irá aprender a viver em conjunto com os outros e construir sua visão de mundo.  Outrossim, a visão unilateral e ideológica dos pais sobre fatos e situações tanto históricas, quanto sociais, podem prejudicar o aluno ao se abordar o ensino domiciliar, visto que tais jovens não teriam nenhuma visão ampla e imparcial como a exposta pelo professor. Tal cenário foi observado pela educadora Maria Celi Vasconcelos, em que constatou uma divergência entre crenças e valores religiosos da família e o conteúdo dado em sala de aula – para pais que acreditam no criacionismo, por exemplo, o evolucionismo de Darwin não deveria ser ensinado como verdade absoluta.   Infere-se, portanto, que o Ministério da Educação, por meio de verbas governamentais, promova provas para testar o ensino domiciliar. Tais ações poderiam ser executadas, todo semestre, por meio testes dos conteúdos da grade curricular brasileira, com a finalidade de certificar a eficácia do programa. Ademais, é necessário que o MEC promova encontros mensais de alunos que estudam em domicílios, com o propósito de melhorar a socialização dos mesmos com outros alunos.