Enviada em: 29/05/2019

Mostra-se rotineiro o debate sobre os principais eixos que norteam a sociedade brasileira, como: educação, saúde e segurança. O primeiro dos três merece destaque, pois recentemente foi posta pelo atual governo uma Medida Provisória que legaliza o ensino domiciliar. Cabe agora, percorrer os entraves dessa questão no Brasil e por que ela se mostra incoerente com o atual cenário da educação brasileira.  Em primeiro plano, a discussão do ensino em casa evidencia o contraste perveso das desigualdades sociais aqui encontradas. Enquanto, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), 61% das crianças e dos adolescentes brasileiros são afetados pela pobreza e vêem na escola a oportunidade de ter mínimas condições dignas, como uma refeição completa. A outra parcela, a pequena, que vive fora da margem de pobreza, coloca em pauta questões egoístas e de cunho exclusivo, como o ensino domiciliar. Dessa forma, ao invés de se debater questões prioritárias,  essa porcentagem pequena prefere discutir temas de sua "bolha social". Em razão disso, questões como infraestrutura escolar, evasão escolar, planos e salários dignos para os profissionais da educação acabam ficando em segundo plano e confirmam a frase de Darcy Ribeiro - antropólogo brasileiro conhecido pelo seu foco na educação - que já na década de 70 denunciava o fato da crise educacional não configurar como uma crise, e sim como um projeto da elite, que coloca seus caprichos em detrimento de uma maioria miserável.  Sendo assim, para que pautas coerentes sejam postas em prática a fim de mitigar o atual cenário crítico educacional, cabe o Executivo junto com o Ministério da Educação definir prioridades com base em pesquisas, como da UNICEF, para assim elaborar projetos a curto, médio e longo prazo com base nesses dados de pesquisa. Ademais, o Governo deve divulgar nas mídias os temas urgentes a serem tratados pela sociedade e o Congresso para que o foco seja solucionar os entraves já mencionados aqui. Desse modo, questões como ensino domiciliar sejam tratadas em segundo plano.