Enviada em: 20/09/2019

O artigo 6º da Constituição Federal brasileira, norma de maior hierarquia no ordenamento jurídico nacional, garante a saúde como um direito social. Porém, os problemas relacionados à obesidade e os seus desdobramentos , como o preconceito,  vão de encontro a tal norma federal. Nesse contexto, os dilemas que envolvem esse processo ocorrem, sobretudo, em decorrência de fatores econômicos e sociais.                De início, cabe ressaltar como a rotina dos trabalhadores no sistema capitalista contribui para a problemática. Nesse contexto, consoante Byung Chul-Han, em sua obra "Sociedade do Cansaço", vive-se, no século XXI, um busca exacerbada pela produtividade, na qual o sucesso pessoal é atrelado a capacidade produtiva, com o intuito de fomentar o consumismo. Sob tal ótica, o indivíduos que estáão inseridos nesse cenário tendem a não possuírem tempo para preparar alimentos saudáveis e consomem, em muitos casos,  os "fast-foods"-alimentos de fácil preparo, porém baixo valor nutricional-, devido a sua praticidade. Por conseguinte, a falta de uma dieta balanceada tende a aumentar o número de casos de obesidade no Brasil, que atualmente atinge 20% da população, segundo o IBGE, cenário que pode desencadear doenças, a exemplo da diabetes.          Além disso, é fundamental destacar como a discriminação contra esse segmento social faz-se presente no país. Nesse viés, segundo a filosofa americana Hannah Arendt, na sua a teoria "Banalidade do Mal",  quando ações antiéticas são praticadas recorrentemente, elas tendem a ocupar o lugar da normalidade e se tornarem ordeiras. Dentro dessa perspectiva, normalizou-se, na sociedade,  preconceito contra os indivíduos obesos, cenário que é corroborado por programas, como o humorístico que foi transmitido pela Rede Globo "Os caras de pau", no qual o personagem protagonizado pelo ator Leandro Hassum era constantemente alvo de piadas devido ao seu sobrepeso. Consequentemente, tal cenário pode afetar a saúde social dessa parcela da população, o que pode gerar depressão e, inclusive, culminar em suicídio.                    Fica clara, pois, a urgência em coibir essa preocupante realidade. Para isso, é necessário que o Ministério da Saúde, divulgue, na Mídia, campanhas publicitárias que demonstrem os riscos associados a uma rotina alimentar não saudável, por meio de vídeos que relatem as doenças causadas por tais hábitos, como a diabetes e o câncer, a fim de alertar a população, para que tal prática seja mitigada. Outrossim, tais obras midiáticas também devem abordar os danos causados aos indivíduos pela prática da discriminação contra os obesos, com vistas a desnaturalizar esse comportamento. Com essa medidas, o disposto na Carta Magna do país será, gradativamente, cumprido.