Enviada em: 03/10/2019

Na cidade de Atenas, Grécia antiga, ser considerado cidadão era algo extremamente restrito e incluía uma mínima porcentagem da população. Paralelamente, nos dias atuais, essa designação é muito mais democratizada, porém ainda persistem diferenças entre os indivíduos na promoção dos direitos que essa caracterização traz - em especial no ramo esportivo. Diante disso, é crucial analisar esse fato em sua origem e examinar seus efeitos no corpo social, a fim de revertê-lo.        Convém destacar, primeiramente, que a cultura de praticar esportes, como o futebol, trazida para o Brasil por influências estrangeiras, não teve imediato alastramento na cultura do país. Por consequência, desde o princípio, existiu uma restrição à prática dessas atividades pela população sem poder aquisitivo, somado ao fato de que o ensino das mesmas era efetuado em sua grande parte nas escolas, as quais eram igualmente voltadas à elite brasileira. Dessa forma, mesmo após a popularização de muitos desportos, grupos minoritários ainda se encontram excluídos no ambiente esportivo, como as mulheres, que dificilmente recebem o mesmo auxílio e visibilidade dentro do futebol como os homens, fato observado na diferença de repercussão midiática das copas mundiais dos dois gêneros.        De forma complementar, é oportuno pontuar a desvalorização do esporte dentro das escolas públicas como fator excepcional na elitização de competições esportivas. A falta de investimentos em infraestrutura básica, como simples quadras poliesportivas, dificultam a inserção de alunos pobres no meio profissional, que necessita de treinamentos específicos e um alto investimento na preparação física e psicológica do atleta. Assim, a chegada de alunos de classes sociais baixas a um patamar para competições de alto nível, como as olimpíadas mundiais de atletismo, se tornam exceções à regra.       É necessário, portanto, promover ações as quais alterem esse quadro. Logo, cabe ao Estado, juntamente com as escolas públicas, incentivar a prática de esportes, por meio de investimentos em ambientes e materiais apropriados, a fim de promover uma democratização das competições esportivas. Ademais, é essencial que empresas e associações, principalmente ligadas ao ramo esportivo, propague reprovação ao preconceito contra minorias, por meio de campanhas publicitárias conscientizadoras, com o intuito de dar visibilidade para todo tipo de cidadão que queira exercer algum esporte. Com essas medidas, espera-se uma reversão do atual quadro excludente que a cidadania vive.