Não são poucos os fatores envolvidos na discussão acerca da evasão escolar no Brasil. Na obra "Conto de Escola", de Machado de Assis, o autor relata a história de Pilar, um jovem que não gostava de frequentar a escola e sentia-se desmotivado frente às obrigações escolares. Nessa lógica, observa-se a persistência dessa condição na contemporaneidade, uma vez que a evasão escolar se faz presente. Logo, a fim de compreender o problema e alcançar melhorias, basta analisar como a desigualdade social e o modelo educacional brasileiro influem nesse cenário. Em primeiro lugar, vale ressaltar que de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é assegurado à criança e ao adolescente o direito à educação, assim como igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola. Todavia, isso não acontece na realidade. Isso advém, sobretudo, da exacerbada desigualdade social proveniente no Brasil, fator que eleva a necessidade do jovem trabalhar e contribuir com o orçamento doméstico. Para ilustrar, a obrigação de trabalhar ficou em segundo lugar como causa do abandono dos estudos, segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas. Nessa circunstância, nota-se a inaptidão e omissão estatal ao não oferecer políticas de auxílio contra a evasão escolar, posto que contribui para o aumento da desigualdade e vulnerabilidade social. Ainda nessa questão, é fundamental pontuar que, o Brasil possui o maior índice de reprovação e abandono escolar da América Latina, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Isso ocorre, devido ao sistema de ensino brasileiro, o qual prega a padronização de conhecimento e possui um modelo avaliativo que não estimula o aprendizado. Por conseguinte, a falta de tecnologia e de infraestrutura nas escolas, como laboratórios e bibliotecas, contribui para o desinteresse escolar. Para corroborar, menos de 5% das escolas no Brasil possuem infraestrutura adequada, segundo o Censo Escolar de 2015. Assim, a partir da frase de Immanuel Kant, "O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele", percebe-se a importância do estudo, dado que só ele possui caráter transformador. Nesse sentido, ficam evidentes, portanto, os elementos que colaboram com o atual quadro negativo, do país. Ao Ministério da Educação, cabe reavaliar a metodologia e a proposta pedagógica, por meio da introdução de projetos interdisciplinares na grade curricular do ensino básico e do uso da tecnologia no aprendizado, com o propósito de aumentar o interesse do aluno pela escola e oferecer formas alternativas de ensino. É imprescindível, também, que o Ministério do Planejamento invista em programas sociais de auxílio estudantil, como o Bolsa Permanência, e elabore um Plano Nacional da Infraestrutura Escolar, mediante um maior repasse de verbas do Ministério da Fazenda, com o objetivo de aperfeiçoar a infraestrutura escolar e oferecer uma colaboração aos jovens que precisam trabalhar.