Enviada em: 18/08/2018

Historicamente, durante a Idade Média, a má gestão de resíduos sólidos e a falta de saneamento básico acarretaram em inúmeros problemas para a sociedade daquela época, a exemplo da aquisição de doenças, tal como a cólera. Paralelamente, observa-se que, assim como o período medieval, o ineficaz gerenciamento do lixo ainda representa um cenário desafiador na atualidade, seja pela insuficiência governamental, seja pelo consumo excessivo.       Em primeiro plano, Zygmunt Bauman, em sua obra ‘’Modernidade líquida’’, afirma que algumas instituições configuram-se como ‘’zumbis’’, uma vez que estas perderam suas respectivas funções sociais, todavia, tentam manter seus sistemas a qualquer custo. De maneira análoga, cabe destacar que o Ministério do Meio Ambiente acaba por falhar perante seu papel na sociedade, haja vista que, apesar de existirem ações e políticas destinadas ao correto descarte do lixo, as prefeituras ainda acabam por depositar seus entulhos em ‘’lixões’’, motivadas, sobretudo, pela carência de fiscalização e mecanismos de conscientização por parte de tal Ministério. Por conseguinte, denota-se uma maior responsabilidade por parte do Governo mediante às dinâmicas vinculadas à gestão de resíduos.       De outra parte, é significativo destacar o reflexo histórico no que tange à problemática. Isso decorre do século XVIII, marcado pelo início do capitalismo no mundo e a subsequente busca incessante desse sistema por lucro, e, com isso, tal ordenamento acaba por estimular o consumo excessivo por parte dos indivíduos, em razão de esse consumo gerar lucros ao sistema. Sob tal ótica, conforme Pierre Bordieu defendeu, na teoria do Habitus, a sociedade tende a incorporar e naturalizar determinadas estruturas sociais, a exemplo da cultura do consumo, e repassá-las ao longo das gerações posteriores, o que acaba por contribuir para o enraizamento de tal consumismo no ideário coletivo e, à vista disso, para a decorrente produção de uma maior quantidade de resíduos no ambiente, visto que os produtos são feitos para não ter um longo tempo de duração, tornando- um ciclo vicioso.       Destarte, a problemática constitui um grave obstáculo social e, sendo assim, medidas são imperativas, a fim de mitigar a questão. Nesse sentido, cabe ao Ministério do Meio Ambiente, em parceria com os governos municipais, elaborar ações que promovam a difusão de informações a respeito do correto descarte do lixo no ambiente, por meio de palestras com especialistas no assunto e apresentações culturais, com o fito de propagar para toda a esfera civil os efeitos causados pelo inadequado descarte de resíduos e, quiçá, sob o viés lúdico, atenuar as consequências provocadas por tal fato. Como resultado, a sociedade há de não experimentar o cenário caótico causado pelos efeitos nocivos do lixo, assim como ocorreu durante a historiografia medieval.