Enviada em: 04/09/2018

De acordo com dados da Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, no ano de 2015 foram produzidas assustadoras 80 milhões de toneladas de lixo no Brasil. Nesse cenário, tal dado torna-se ainda mais preocupante quando leva-se em consideração a má logística de resíduos sólidos do país, que resulta em prejuízos econômicos, ambientais e sociais. Logo, faz-se necessário não só  analisar o cenário da gestão de resíduos no Brasil, mas também buscar meios para mitigar a situação.      A princípio, cabe perceber que há um enorme descaso governamental em relação ao assunto. Prova disso é o fato de a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) -proposta de 2010 que previa a criação de aterros sanitários e maior investimento em reciclagem- só ter tido suas metas alcançadas em 3% dos municípios brasileiros. Nesse contexto, os resíduos sólidos acabam por não receber o tratamento e o destino adequado. Por conseguinte, tem-se a manutenção das estruturas precárias existentes, os lixões, o que provoca sérios problemas ambientais, como poluição dos solos e dos lençóis freáticos por chorume, contaminação do ambiente com materiais tóxicos e metais pesados -no caso do lixo eletrônico- e impactos que alcançam até os oceanos, como os microplásticos.     Ademais, convém destacar a falta de prevenção à geração de mais lixo como outro fator importante na questão. Isso porque, levando-se em consideração a ideia kantiana de que o homem é aquilo que a educação faz dele, percebe-se que há uma falha muito grande, por parte de pais, professores e do próprio governo, no ensino de consumo consciente no Brasil. Além disso, devido ao fato de o país estar inserido no contexto capitalista, o consumo é, ainda, constantemente estimulado por meio da mídia. Dessarte, tem-se hoje uma gigante parcela da população que consome exageradamente e não se preocupa com as consequências. Em virtude disso, há prejuízos para os indivíduos em geral, já que, além de todos os impactos ambientais, o despejo inadequado de resíduos sólidos também gera locais de proliferação de inúmeras espécies de roedores e insetos que disseminam doenças.      Torna-se evidente, portanto, que a gestão de resíduos sólidos no Brasil é deficitária e medidas são necessárias para resolver o problema. A priori, é dever do governo tanto destinar mais verba para tal quanto contratar fiscalizadores e instituir pagamento de multas para os estados que não cumprirem com os planos de melhoria na gestão dos resíduos, isso, no intuito de permitir a efetivação da PNRS. Outrossim, deve ainda, por meio do MEC, distribuir, nas escolas, cartilhas e kits educativos que trabalhem a importância do consumo sustentável e da manutenção dos recursos naturais, além de promover palestras com pedagogos e ambientalistas que explanem a política dos 3 Rs- reciclar, reduzir e reutilizar. Tudo isso com o fito de formar jovens mais conscientes e cuidadosos com meio ambiente.