Enviada em: 02/06/2019

Na animação cinematográfica "Wall-E", a Terra é retratada como um lugar desabitado, em função da exorbitante quantidade de lixo acumulado nesse planeta. Esse cenário, embora ficcionista, aproxima-se da realidade brasileira, na medida em que evidencia o alarmante problema da gestão de resíduos na sociedade. Sob esse viés, o excessivo descarte de produtos e a negligência estatal nessa questão corroboram tal intempérie. Logo, urgem ações engajadas dos agentes adequados, com o escopo de modificar essa deletéria conjuntura.       Em verdade, é notória a crescente cultura do descarte na sociedade, decorrente do massivo estímulo ao consumo de produtos supérfluos, sobretudo, dos eletrônicos. Nesse contexto, verifica-se a má-formação de princípios éticos nos indivíduos quanto ao consumo sustentável e à necessidade de destinar corretamente dispositivos, a exemplo das baterias de celulares e dos televisores. Por conseguinte, a omissão dessas atitudes potencializa o acúmulo de materiais tóxicos no meio ambiente, como chumbo e mercúrio, os quais não só favorecem o desenvolvimento de doenças crônicas no ser humano, mas também prejudicam a manutenção da biodiversidade, o que ratifica a ideia do cientista Isaac Newton de que toda ação possui uma reação de mesma intensidade.       Ademais, é fato que no Brasil existem diretrizes para a gestão do lixo, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), no entanto é perceptível a negligencia governamental na efetivação de tais medidas e na prevenção de desastres ambientais. Nesse sentido, observam-se as escassas fiscalizações às barragens de rejeitos, locais que depositam efluentes de minérios, bem como a cobrança sobre as empresas de mineração para o adequado fim desses resquícios. Essas medidas, quando não realizadas, propiciam episódios análogos ao ocorrido em Brumadinho, cidade mineira alvo do rompimento de uma barragem de rejeitos. Em face disso, verifica-se como consequência além da contaminação e da infertilidade do solo, a morte de diversos organismos da fauna e da flora regional.       Destarte, é essencial alterar esse quadro de manejo de resíduos no Brasil. Para tanto, é imprescindível que o Ministério do Meio Ambiente, por meio de parcerias com empresas privadas e de campanhas nas redes sociais, incentivem a população para o consumo consciente e para o descarte adequado do lixo eletrônico, instalando postos de coleta desses materiais e concedendo incentivos fiscais às empresas participantes da iniciativa, a fim de possibilitar um planeta diferente daquele apresentado em "Wall-E". Concomitantemente, é impreterível que o Estado efetive as diretrizes constitucionais, como a PNRS, com o fito de evitar cenários semelhantes ao ocorrido em Brumadinho e otimizar a gestão do lixo na sociedade, harmonizando a relação do homem com natureza.