Enviada em: 06/08/2018

De acordo com a Ética Kantiana, as pessoas devem agir sempre corretamente, de tal forma que a ação em si possa ter validade universal. Essa postura, na administração pública, é essencial para que não ocorram violações e interferências patrimonialistas. Contudo, o Brasil enfrenta uma grave crise de confiança na política e que está relacionada sobretudo pela má gestão das verbas e instituições. Essa lastimável realidade reflete uma cultura de desrespeito e apropriação do bem comum bem como de uma legislação frágil diante da corrupção.             Em primeira análise, é certo que existe uma cultura brasileira que produz em parte da sociedade a não compreensão de que há uma linha tênue entre público e privado. Isso pode ser explicado pelo sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, o qual diz que para que ocorra a modernidade brasileira, é preciso que a pessoalidade e afetividade do homem cordial sejam colocados em segundo plano, principalmente quando se fala em gestão pública. Isso é observável, por exemplo, nos casos de nepotismo em cargos públicos, favorecimento à empresas de amigos e aliados em licitações, desvios de verbas para beneficiamento próprio ou de algum grupo de interesse, nomeações baseadas em troca de favores. Em vista disso, o gerenciamento torna-se completamente pautado na subjetividade, incompetência e imoralidade.            Outro ponto relevante, é que ainda existem regras na legislação que permitem infrações e práticas desacordadas com a transparência e ética necessárias para uma boa gestão. Isso decorre do fato de que os poderes fiscalizadores, muitas vezes, estão atrelados aos próprios órgãos e pessoas a serem fiscalizados. Os conselheiros dos Tribunais de Contas, por exemplo, são indicados tanto pelo poder legislativo quanto do executivo e isso demonstra que a imparcialidade daqueles que vão investigar os desmandos da gestão pública é comprometida, expondo assim a interferência política. Por consequência, o Estado prejudica sua função social de promover investimentos corretos em educação, saúde, segurança e torna-se suscetível à ilicitudes.            Fica claro, portanto, que o Brasil precisa melhorar suas estruturas e permissões legais além de impedir a cultura patrimonialista que confunde as esferas pública e privada. Para tal, cabe ao Legislativo Federal alterar as leis que permitam indicações por políticos a órgãos fiscalizadores, bem como o aumento punitivo daqueles que usam do poder público para os interesses pessoais. Antes disso, é importante consultar especialistas jurídicos, sociólogos, administradores, entre outros, mediante audiências. Ademais, cabe à escola estimular em crianças e jovens o respeito pela coisa pública e noções de proficiência mediante palestras e seminários. Diante disso, a gestão sobressairá o atraso.