Enviada em: 14/05/2018

Na mitologia grega, Perséfone, deusa da agricultura, devido à sua beleza, encanta Hades, senhor do inferno. Este decide levá-la consigo para o mundo dos mortos. A captura de Persefóne simboliza a perda da inocência e o amadurecimento forçado. Tal símile cabe à gravidez de adolescentes, cujas etapas de desenvolvimento são aceleradas, quando não ignoradas, em decorrência de tamanha responsabilidade. Diante disso, discute-se a gravidez precoce no Brasil, problema cujas origens remetem ao sistema educacional e aos contrastes socioespaciais. Nesse sentido, compreende-se que a desinformação representa um aspecto crucial para as elevadas taxas de fecundidade entre jovens brasileiras. Segundo o filósofo David Hume, as sociedades tendem a lidar com acontecimentos recorrentes sem reflexão e soluções cabíveis, tornando-os hábitos. Assim, acostumamo-nos com a gestação entre crianças e adolescentes, fazendo necessária a educação sexual em escolas do país, embora esta seja desafiadora em razão dos preconceitos socioparentais. Desse modo, a falta de instrução contribui para concepção em idade inadequada. Outrossim, a não linearidade socioeconômica entre nações é característica relevante ao fenômeno das gestações infantojuvenis. Fundamentam-se as proposições ditas com os conceitos de Milton Santos. Ele criticava os caminhos degenerados da globalização, os quais acarretam desigualdades de desenvolvimento entre países, como o Brasil, esplanando o porquê de nações da África e da América Latina terem os maiores índices gestacionais entre adolescentes. Em suma, a fim de atenuar o problema da gravidez precoce, é imprescindível a atuação dos Ministérios das Relações Exteriores e da Educação. Este deve realizar palestras informativas a pais e professores e instituir a educação da saúde em escolas, aspirando à instrução dos futuros cidadãos. Aquele, em parceria com OMS e Mercosul, deve concretizar missões de ensino em regiões vulneráveis, mitigando esse mal.