Enviada em: 10/05/2018

Segundo a ONU, o subdesenvolvimento está diretamente relacionado à ausência de autonomia reprodutiva das mulheres.Nesse sentido, é preciso haver maior controle das mulheres sobre seus corpos para superar a pobreza, visto que cidadãs marginalizadas não possuem acesso aos serviços básicos de saúde, como planejamento familiar, de forma que ocasiona gestações indesejadas, abortos e evasão escolar na adolescência.Logo, é preciso haver mudanças, a fim de concretizar as metas globais no contexto brasileiro, como os Objetivos do Milênio, e de fortalecer, através da garantia efetiva dos direitos universais, a democracia nacional.  Devido aos resquícios históricos do Período Colonial, o qual era caracterizado por uma organização familiar em torno de um patriarca, há, no Brasil, a perpetuação de estereótipos de gênero.Sendo assim, com tais papéis rigidamente definidos e com a restrição feminina ao ambiente doméstico, surgiu a concepção de que a maternidade é a principal função social da mulher, contribuindo para a reprodução de estigmas machistas que prejudicam, sobretudo, a autonomia reprodutiva das cidadãs. Com o avanço de tal rejeição social dificulta-se a implantação de uma efetiva política de saúde pública voltada, principalmente, às jovens, visto que estão mais vulneráveis à mortalidade materna e à adversidades psicossocias.    De acordo com o crítico da Modernidade, Michel Foucault, a criação de uma norma biopolítica é essencial para a sustentação da civilização. Nesse contexto, surge um padrão normativo, marcado por valores conservadores, em relação à sexualidade, que auxilia no surgimento de tabus sociais, os quais afetam no surgimento de políticas públicas. Sendo assim, as instituições de ensino, que poderiam atuar como um recurso preventivo, enfrentam a desvalorização do processo educacional sexual, aliado ao modelo educacional que prioriza temáticas conteudistas. Portanto, a saúde preventiva nacional não é valorizada e enfrenta estigmas tradicionalistas, de modo que impede o acesso democrático à informação e à métodos contraceptivos, originando um cenário em que o Brasil apresenta gravidez na adolescência acima da média Latino Americana, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.     Considerando tal defasagem, é preciso haver mudanças nesse cenário, de forma a garantir autonomia reprodutiva às jovens. Para isso, o Ministério da Educação deve valorizar a abordagem de educação sexual nas redes de ensino através, por exemplo, do oferecimento de palestras com profissionais da saúde e da proposta de aulas interdisciplinares voltadas ao assunto, com o objetivo de democratizar o conhecimento. Tal processo pode ser consolidado com a participação do Terceiro Setor e com o investimento na capacitação de professores, favorecendo, por fim, a democracia nacional.