Enviada em: 10/05/2018

No documentário “Meninas’’ é  retratado a vida de quatro adolescentes que engravidaram  precocemente e, com isso, passam por várias dificuldades, desde ao âmbito social até o financeiro. Nessa perspectiva, nota-se na atualidade um crescente aumento da taxa de gravidez na adolescência, fruto da desinformação e da falta da participação familiar na formação sexual do público juvenil. Por isso, faz-se necessário analisar o contexto familiar, no que tange a educação ofertada, e, também, o entrave histórico-cultural que coíbe a discussão sobre sexualidade.                      Em primeiro lugar, muitas gravidezes de adolescentes e jovens não foram planejadas e são indesejadas; inúmeros casos decorrem de abusos e violência sexual ou resultam de uniões conjugais precoces, geralmente com homens mais velhos. Ao engravidar involuntariamente, essas adolescentes têm seus projetos de vida alterados, o que pode contribuir para o abandono escolar e a perpetuação dos ciclos de pobreza, desigualdade e exclusão.  Além disso, a gestação precoce concebe riscos para a adolescente, a qual não possui ainda o corpo totalmente desenvolvido e nem pronto para a gravidez. Desse modo, algumas jovens em meio à coerção do parceiro e de outras dificuldades, acabam procurando clínicas clandestinas para abortar, mais uma vez pondo sua vida em risco.               Em segundo lugar, a falta de acesso à educação sexual nas escolas e o auxílio no planejamento familiar prejudica a prevenção da gravidez. Hoje, devido à constante terceirização da educação dos filhos, que é falha quanto à transmissão de valores, não ensina que a vida sexual exige responsabilidades, e que a falta destas traz prejuízos, o que, por consequência, resulta em um maior número de jovens que adquirem conhecimento sobre o sexo na prática, expondo-se a DSTs e à gravidez precoce.                       Dessa forma, é necessário que o Ministério da Educação invista em políticas, programas e ações que promovam os direitos, a autonomia e o empoderamento de jovens e adolescentes, em especial meninas, em relação ao exercício de sua sexualidade e de sua vida reprodutiva, para que possam tomar decisões voluntárias, sem coerção e sem discriminação. Por outro lado, o Ministério da Saúde deve assegurar o acesso meios de prevenção da saúde sexual e reprodutiva, com a distribuição de preservativos e contraceptivos, para que gravidezes não planejadas sejam evitadas. Por fim, a mídia deve promover campanhas que envolvam as famílias, comunidades e profissionais de saúde na resposta adequada às necessidades e demandas de adolescentes e jovens, em relação ao âmbito sexual. Afinal, é fundamental garantir a participação de adolescentes e jovens nos processos de tomada de decisões, como condição fundamental para os avanços democráticos.