Enviada em: 03/04/2018

Não são poucos os fatores envolvidos na discussão acerca da maternidade precoce no Brasil. A adolescência, idade compreendida, segundo a Organização Mundial da Saúde, entre 10 e 19 anos, é uma época de várias descobertas, principalmente, no quesito sexual. Com isso, inúmeras adolescentes em transição para a vida sexual ingressam, precocemente, na maternidade. Dessa forma, basta observar como a ausência de educação sexual é um fator determinante e os efeitos sociais e biológicos posteriormente. Logo, compreender os aspectos que levam a esse cenário é fundamental para alcançar melhorias.    Em primeiro lugar, vale ressaltar que no currículo básico escolar não existe uma disciplina voltada exclusivamente para a sexualidade e a saúde reprodutiva, recomendação da ONU desde 1994. Apesar dos jovens possuírem conhecimento sobre a existência de métodos contraceptivos, a maioria não sabe prevenir-se de forma adequada, não compreendendo o funcionamento de cada método, ou, simplesmente, abandonando seu uso por questões pessoais. Segundo o IBGE, cerca de um terço dos adolescentes já haviam iniciado a sua vida sexual antes de chegar ao ensino médio em 2015 e quase 40% deles não usou preservativo na sua primeira relação sexual. Assim, observamos os prejuízos ocasionados por essa ausência no número de jovens alunas grávidas ou estudantes com DST's.    Ainda nessa questão, é fundamental pontuar que a gravidez precoce é um problema de saúde pública, uma vez que causa riscos à saúde da mãe do bebê e tem impacto socioeconômico. Os riscos sociais, englobam, sobretudo, às baixas condições socioeconômicas e evasão escolar, pois muitas das grávidas abandonam os estudos e apresentam maior dificuldade para conseguir emprego. No entanto, o problema vai além dos fatores psicológicos e econômicos. A mulher grávida precocemente pode apresentar sérios problemas durante a gestação, como riscos de prematuridade do bebê e baixo peso, morte pré-natal, anemia, aborto natural, desnutrição, hemorragias e depressão pós-parto.    Nesse sentido, ficam evidentes, portanto, os elementos que colaboram para o atual quadro negativo do país. Ao Ministério da Educação, cabe a implementação da educação sexual na grade curricular do ensino básico, além de organizar palestras mensais sobre o assunto, enquanto a família, por sua vez, aborda o assunto em casa, com naturalidade, a fim de instruir corretamente o jovem sobre o início da vida sexual e as prevenções necessárias. É imprescindível, também, que o Ministério da Saúde promova campanhas sociais e distribua cartilhas informativas a respeito dos métodos contraceptivos e DST's, com o objetivo de aumentar a informação e o acesso para todos. Assim, gradativamente, a frase de Mahatma Gandhi fará sentido: "O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente".