Enviada em: 24/04/2017

Orgulho Machadiano           Brás Cubas, o defunto autor de Machado de Assis, em suas ”Memórias Póstumas”, diz que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. Talvez hoje percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasileiros frente a homossexualidade é uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento. Com isso, surge a problemática da homofobia, a qual persiste intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela lenta mudança de mentalidade social, seja pela ineficiência das leis.            Segundo pesquisas do Grupo Gay da Bahia, aproximadamente a cada 25 horas uma pessoa de orientação homoafetiva é assassinada no Brasil. Destacando o pensamento machista como principal impulsionador do problema. De acordo com Durkheim, o fato social é a maneira de pensar e agir. Ao seguir este raciocínio, observa-se que persistência da concepção homófobica se encaixa na teoria do sociólogo, uma vez que u=se uma criança vive em um grupo familiar com tal comportamento, tende a adotá-lo também na convivência em comunidade. Assim, a continuação desse sentimento de aversão, transmitido de geração em geração, funciona como base dessa forma de preconceito, perpetuando o impasse no Brasil.             É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. Conforme Aristóteles, a poética deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio na sociedade seja alcançado. De maneira análoga, é perceptível no Brasil, que a homofobia rompe essa harmonia; haja vista que, embora esteja previsto na Constituição vigente o princípio da isonomia, no qual todos devem ser tratados igualitariamente, muitos cidadãos utilizam da perspectiva homófoba para externar ofensas, agressões e assassinar homossexuais.          Infere-se, portanto, que a homofobia é um mal para a sociedade brasileira. Logo, faz-se necessário que o Ministério da Justiça construa delegacias especializadas em crimes de ódio contra homossexuais, a fim de atenuar a prática de preconceito na sociedade, além de torná-lo um crime hediondo. Cabe ainda, a escola levantar discussões, em momento oportuno, acerca do respeito ás diferenças, através de palestras educacionais com especialistas na área. Ademais, as famílias devem conversar com seus filhos sobre orientação sexual, para mais, é preciso dar sempre bons exemplos de respeito e tolerância relacionado ao tema. Dado isso, o Brasil poderá se transformar em um país desenvolvido socialmente, e criará um legado ao qual Brás Cubas pudesse se orgulhar.