Enviada em: 24/04/2017

Em Geni e o Zepellin, música de Chico Buarque, Geni é uma personagem que constantemente é atacada pela sociedade em que vive por ser transexual. Essa violência é uma realidade recorrente ao grupo LGBT no Brasil, país que mais mata integrantes desse gênero no mundo. Tal violência existe pois está relacionada à influência da igreja e do patriarcado aqui. A influência religiosa na sociedade brasileira promove preconceito aos homossexuais. Sendo o Brasil um país onde 86% da sua população é cristã, segundo Censo de 2010 do IBGE, e tal crença abomina a existência de relações homoafetivas, o país figura também como um dos mais homofóbicos no mundo. Essa repulsão aos homossexuais deriva da crença religiosa de que o sexo serve apenas para reprodução, tomando como pecado e antinatural as relações que fogem do padrão heteronormativo, vide a história da destruição de Sodoma e Gomorra na Bíblia. Por considerarem essa relação uma forma de pecado, aqueles que são cristãos e foram criados para crer que isso é errado tendem a repudiar os LGBTs e perpetuar a homofobia através de violências e cerceamento de direitos, mais especificamente no Legislativo, onde figuras religiosas dificultam a criação de aparatos legais para proteger e garantir igualdade a esse grupo. Ademais, a estrutura patriarcal e machista incita o comportamento homofóbico contra esse grupo minoritário. Por conta da subversão promovida pelos homossexuais ao padrão social vigente, que enaltece atitudes ditas masculinas e repudiam a feminilidade e tudo que associa-se a ela, a resposta usual é em forma de violência física, psicológica e repressora. Cerca de 99% dos brasileiros já cometeram ou toleraram atos homofóbicos e, segundo o GGB, Grupo Gay da Bahia, 318 LGBT foram assassinados em 2016. Tais números representam o último estágio da homofobia, aquele que resulta em mortes, o que promove o medo entre os indivíduos desse grupo e desencorajam possíveis contribuições futuras a toda sociedade, como no caso do matemático inglês Alan Turing, inventor do precursor do computador, que cometeu suicídio após ser condenado pela corte britânica a passar por uma castração química. Portanto, é necessária a participação da escola na desmistificação de preconceitos, através de palestras com histórias representativas, bem como a disponibilização de material didático inclusivo pelo Ministério da Educação. É imprescindível, também, a aprovação da lei que criminaliza a homofobia, como o acréscimo de delegacias especializadas e apoio de ONGs para o acolhimento das vítimas. Por fim, é preciso punir autores de projetos de lei que ferem o princípio da laicidade do Estado, através de uma comissão formada por políticos da causa LGBT. Assim teremos um país melhor para as Genis.