Enviada em: 22/09/2017

A utopia de Policarpo Quaresma frente à perspectiva gregoriana     Habitado inicialmente apenas pelos indígenas, colonizado pelos portugueses, governado durante sessenta anos pelos espanhóis, alvo de imigrações e com um passado escravocrata, o Brasil se tornou um país diversificado. Contudo, ainda que a heterogeneidade seja uma das principais características da nação, a discriminação assinala um grave problema frente à ética brasileira, sobretudo, a homofobia, figurando a necessidade de intervenções que considerem aspectos sociais e políticos.       Decerto, o nacionalismo exacerbado sempre foi expresso na literatura brasileira. Assim, ao observar a visão utópica de Policarpo Quaresma — personagem da obra de Lima Barreto —  é possível questionar, se frente ao Brasil contemporâneo, personagem tão patriota ainda orgulharia-se de possuir sua naturalidade em um país explicitamente homofóbico, no qual, pesquisas realizadas pelo Grupo Gay da Bahia, registrou a morte de um LGBT a cada vinte e cinco horas. Nesse contexto, a população canarinha torna-se a nação em que há mais casos de assassinatos por intolerância à identidade de gênero e orientação sexual no mundo, ainda sem considerar as ocorrências não notificadas.      Por conseguinte, o Poder Público Federal aparenta ignorar a gravidade do problema. Nesse viés, embora os números de vítimas da LGBTfobia sejam alarmantes, não há uma lei que criminalize a discriminação aos indivíduos dessa comunidade. Desse modo, quando Gregório de Matos afirma "não sabem governar sua cozinha e podem governar o mundo inteiro", parece prever os reflexos de uma sociedade com impasses ignorados pela Gestão Federativa.      Levando em consideração tais enfoques, faz-se necessária a atuação do Ministério Público na criação de uma ouvidoria online e telefônica, dedicada ao atendimento de vítimas à aversão com caráter de ideologia sexual, no intuito de garantir as possíveis penalidades aos agressores. Ademais, outra iniciatividade plausível, sobretudo, é o exercício do Poder Público Federal, na elaboração de uma lei que criminalize a homofobia perante a Constituição Brasileira. Nesse sentido, a utopia de Policarpo Quaresma torna-se menos verídica frente à perspectiva gregoriana.