Enviada em: 26/09/2018

A obra literária Vidas Secas, de Graciliano Ramos, evidencia a busca de uma família por sobrevivência, as dificuldades enfrentadas devido à falta de água e o anseio por esse direito humano inquestionável. Observa-se que o Brasil é um dos países com melhor condição hídrica do mundo, no entanto, a falta de uma gestão de qualidade desse recurso provoca impactos imensuráveis – tanto econômicos quanto sociais – à população de forma geral, sendo necessárias medidas que modifiquem esse quadro caótico.           Nesse aspecto, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, quase 40% dos recursos hídricos tratados no Brasil são desperdiçados. Sendo assim, esse dado evidencia a falta de uma gestão e planejamento de qualidade direcionada ao uso da água, visto que o desperdício ocorre de inúmeras maneiras - entre elas destaca-se a perda pelo próprio mecanismo de disponibilização para o abastecimento público, devido ao uso de encanamentos velhos, por exemplo. Esse quadro demonstra como a inércia do Estado é conivente com as condições de milhões de cidadãos que vivem situações críticas por causa da falta desse recurso.       Dessa forma, a matriz energética brasileira possui suas bases apoiadas na produção de hidrelétricas, ou seja, para que essa energia chegue para a população é necessário que os reservatórios se mantenham abastecidos, e, apesar das questões naturais relacionadas a esse abastecimento, como o índice de chuvas, o planejamento e a antecipação de soluções podem evitar situações drásticas. Como exemplo, pode-se citar a seca do Sistema Cantareira em 2014, no estado de São Paulo, que poderia ter sido evitada caso estivesse sido operado de forma mais segura. E assim, efeitos cascatas em que, empresas sem energia, produção cessada, demissão de funcionários, desemprego, falta de eletricidade domiciliar e assim por diante, podem ser evitados.            Portanto, fica evidente a necessidade de órgãos reguladores, como o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em parceria com os governos estaduais, verificar os locais onde ocorrem os maiores índices de desperdício por causa dos mecanismos de disponibilização, para que sejam realizadas manutenções e trocas, sobretudo com uso de verbas provenientes dos altos impostos cobrados da população – além da promoção de medidas de orientação em relação ao uso da água, que explicitem a importância desse recurso, disponibilizem descontos às empresas e pessoas que a usem de forma consciente e multas aquelas que desperdiçam – para que em um futuro próximo ninguém sofra com a não garantia desse importante direito humano.