Enviada em: 28/09/2018

A água é um elemento tão central na vida e no planeta que a Filosofia Ocidental, em sua própria origem, a considera a essência de todo o universo. Todas as civilizações surgiram próximas a cursos de água e reverencivam-na pela sua importância. À medida que o homem foi se distanciando do meio rural e aderindo a uma vida urbana e consumista, a importância da água apenas aumentou, mas a percepção sobre isso só fez minguar. Consequentemente, hoje a segurança hídrica (provimento sustentável de água nas condiões adequadas às atividades humanas) é ausente ou ameaçada em muitos países, com um potencial para efeitos catastróficos que demanda atenção urgente de toda a comunidade internacional.       A natureza por si só já distribui o recurso de maneira desigual, existindo nações com abundantes reservas e outras em boa parte dominadas por desertos. Muitos entraves naturais podem ser superados com uma gestão consciente (que evite, por exemplo, a poluição dos cursos), mas mesmo nações avançadas como Alemanha e Reino Unido também enfrentam o problema em certa medida, o que indica que a solução é muito mais complexa e envolve conscientização e, provavelmente, maior uso de tecnologia.       Os graves efeitos do fenômeno já são sentidos pelas nações pobres e com baixas reservas hídricas da África e Ásia, principalmente através das históricas endemias de doenças intestinais. Desequilíbrios na biodiversidade também são cada vez mais comuns, a exemplo da eutrofização, em locais de despejo de esgoto não tratado - no Brasil, por exemplo, menos da metade dos domicílios conta com saneamento básico completo. Muitas nações mais desenvolvidas também sofrem periodicamente com crises de carestia, que impactam sociedade e economia. Tais fatores podem até levar a litígios regionais, como entre Israel, Síria e Jordânia, em torno das Colinas Golã, nascente do rio Jordão.      Por conseguinte, uma conscientização de todas as sociedades acerca do tema é crucial. É indispensável a universalização do saneamento básico e a racionalização do uso da água, em que o Banco Mundial e a ONU devem auxiliar os países pobres com financiamentos e consultoria técnica na construção de estações de tratamento de água e esgoto e adoção de tecnologias agrícolas como o gotejamento - uma vez que a agricultura é a maior responsável pelo consumo de água. A ONU também deve realizar campanhas de conscientização em todo o mundo e orientar governos a instituírem taxas para aumentar o custo da água e multas aos agentes econômicos (comércio, indústria e agricultura) que poluírem cursos. Dessa maneira, a água poderá voltar a ser reverenciada como o era nos primórdios da humanidade e sua escassez, significativamente inibida.