Enviada em: 30/09/2018

Tales de Mileto, filósofo grego, ao afirmar que a água seria a "arché" de toda a gênese, elabora a ideia de que nesse elemento encontra-se a fonte para a vida, tornado-o essencial, não somente à existência de um ser, mas também a sua sobrevivência. Contudo, adentrada em um sistema progressivamente exploratório, a escassez da água tem se tornado uma realidade visível no século XXI, uma vez que fatores como a má distribuição desse recurso aliado ao seu aproveitamento ineficaz facilitam a manutenção dessa problemática.              Em primeira análise, é importante pautar que o estresse hídrico pode ser facilitado por fatores naturais, especialmente em regiões de clima semiárido, como o sertão nordestino brasileiro, explorado na obra "Vidas Secas" de Graciliano Ramos. No entanto, o acesso precário à água vai além dos entraves climáticos, uma vez que as relações de poder constantemente prezam pela maximização do lucro em detrimento da qualidade de vida da sociedade, que por muitas vezes carece de recursos sociais, como saneamento básico. Dessa forma, a acessibilidade desigual colabora para um panorama crítico, de proliferação de doenças e mortes que poderiam ser facilmente evitadas.       Outrossim, faz-se necessário elencar que, embora seja abundante a quantidade hídrica no planeta Terra, mais de 98% é salgada, ou seja, imprópria para o consumo direto. Em contraste a esse fato, observa-se  que o aproveitamento desse recurso de forma adequada e sustentável é frequentemente desprezado, principalmente no desenvolvimento econômico, que tem no setor agropecuário o maior gasto de água indiscriminado e, por conseguinte, seu desperdício. Deve-se a isso, a falta de consciência ambiental por parte do corpo social e político, ao propagar hábitos de consumo insustentáveis e contrários à preservação desse elemento.        É imprescindível, portanto, a análise crítica do paradigma contemporâneo, marcado pela delicada questão hídrica, a fim de minimizar as problemáticas que a envolvem. Para tal, o Poder Executivo deve ampliar o acesso à água, através do investimento em saneamento básico e infraestrutura, para que haja a garantia de um recurso que é direito de todos. O Poder Legislativo deve, por sua vez, propor reformas constitucionais que assegurem a preservação da água de forma assídua e, concomitantemente às redes de tv, averiguar e expor irregularidades no uso dessa substância, a fim de reduzir seu desperdício e melhorar seu aproveitamento. Assim, a arché da vida passa a receber a devida valorização e sua escassez se torna consequentemente mais distante.