Enviada em: 01/10/2018

Em seu romance "Vidas Secas", publicado no século XIX, Graciliano Ramos retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos que se desloca periodicamente para áreas menos castigada com a seca. Passados quase cem anos do lançamento dessa obra, grande parcela da sociedade brasileira ainda convive com a escassez hídrica. Essa deficiência no abastecimento de água representa um problema a ser enfrentado de forma mais organizada pelo Poder Público e pela sociedade civil, com o fito de diminuir os desdobramento dessa estiagem no Brasil.   É indubitável, de fato, que o mau gerenciamento dos recursos hídricos tem impulsionado tal problemática. Sob esse viés, medidas como a transposição do Rio São Francisco, anunciada desde o período do Império, não foram efetivadas, bem como investimentos em tecnologias de reuso hídrico. Assim, esse descompromisso do governo viola a teoria contratualista proposta por John Locke, em que o Estado tem como escopo assegurar o bem-estar social a todos os indivíduos regidos por ele.  Desse modo, essa negligência do poder público, associado ao fenômeno climático da seca, afeta desde o modal energético do país, dependente quase em 90% das hidrelétricas, até atividades agrícolas e o consumo doméstico, o que evidencia a gravidade do quadro em que se encontra o Brasil em relação ao fornecimento de água.      No que tange à sociedade civil, é notória a falta de uma cultura cidadã preservacionista no Brasil, em que, por exemplo, indivíduos desperdiçam água desnecessariamente ao lavar com frequência calçadas, automóveis ou tomar banho por tempo prolongado. Destaca-se, contudo, a falta de empenho de certas escolas, bem como da mídia no processo de conscientização acerca da gestão correta da água. Nessa perspectiva, o filósofo Immanuel Kant afirmou que: "O ser humano é aquilo que a educação faz dele". A lógica desse pensador é extremamente atual e fortalece a premissa de que a ausência de orientações compromete substancialmente a ação cidadã de algumas pessoas.     Portanto, a fim de minimizar os impactos da escassez hídrica no Brasil, cabe ao Ministério do Meio Ambiente, reorganizar prioridades orçamentária para investir em alternativas à crise hídrica, como a finalização da transposição do Rio São Francisco e a importação de tecnologias de países que lidam muito bem com escassez hídrica, como Israel e África do Sul, que envolvam, principalmente, a dessalinização de águas oceânicas e a reutilização de água de esgoto.Além disso, devem buscar parcerias com escolas e com a mídia socialmente engajada, na tentativa de busca a formação de uma cultura preservacionista em prol da sustentabilidade hídrica, por meios de constantes campanhas durantes as aulas ou em redes sociais, estimulando, dessa forma, a economia de água.