Enviada em: 02/10/2018

A obra "Vidas secas", do escritor modernista Graciliano Ramos, retrata, sob a ótica das desigualdades sociais e da exploração humana, o cenário da escassez hídrica no sertão nordestino. De maneira análoga, no século XXI, a carência de água potável evidencia um cenário extremamente comprometido. Nessa perspectiva, é oportuno analisar os fatores que potencializam a problemática, bem como os impactos advindos da escassez dos recursos hídricos.                Em primeira análise, cabe pontuar a atuação da má gestão hídrica relacionada à questão. A administração governamental, por vezes, é precária, considerando os recursos hídricos como inesgotáveis. Tal defasagem manifesta-se desde a não adoção de medidas mais severas de racionamento à ineficiência na coleta de esgotos. Por outro ângulo, quando o filósofo existencialista Sartre defende a concepção do homem como ente livre e responsável por seus atos, corrobora a ideia da responsabilidade social. Em face disso, a qualidade e a oferta de água são afetadas pelo uso indiscriminado desse recurso por parte das instituições e da sociedade civil.                Outrossim, é válido salientar a distribuição desigual da água como agravante da problemática. Conforme a Organização Mundial da Saúde, são necessários entre 50 e 100 litros de água por pessoa, diariamente, para assegurar a satisfação das necessidades mais básicas. Em contrapartida, o cenário hodierno demonstra a má distribuição de água e a conseguente marginalização da população de menor poder aquisitivo. Por conseguinte, como efeitos da crise hídrica, verifica-se o êxodo rural dos grupos marginalizados do acesso à água, o encarecimento da energia elétrica e o desabastecimento no ambiente urbano.                 Torna-se evidente, portanto, que a escassez de água no século XXI possui efeitos sociais nocivos e precisa ser combatida. Para que isso se efetive, é imprescindível que o Poder Público atue ampliando o acesso e o uso consciente da água a partir de medidas como o tratamento da água de esgotos, a reutilização de água e a aplicação de sanções para instituições ou indivíduos que poluam recursos hídricos. Ademais, é essencial que canais de TV aberta e redes sociais, por meio de peças publicitárias, divulguem periodicamente dados relativos às consequências da utilização indiscriminada de água e medidas individuais de reutilização desse recurso, com o propósito de que, sob a ótica de Sartre, a  liberdade humana seja usada para o bem coletivo.