Enviada em: 06/10/2018

Conflito pelo Rio Jordão. Egito e Sudão pelas vazões do Rio Nilo. Disputa pelos aquíferos no Saara Central. Essas questões buscam garantir a soberania de alguns países sobre um bem primordial à vida: a água. No entanto, quando a temática é conservação e um uso sustentável, os recursos hídricos não têm recebido devida atenção . Tal realidade é comprovada com os altos índices de poluição, desperdício e descaso com as águas do planeta, o que poderá, brevemente, causar uma escassez desse recurso, afetando a saúde, a alimentação e a vida das sociedades.         Em primeiro lugar, o crescimento da demanda por esse bem não é acompanhado por uma maior disponibilidade desse e, por isso, um uso descontrolado pode resultar numa escassez prejudicial à vida. Nesse sentido, as previsões da ONU de que, em 2025, 2,7 bilhões de pessoas sofrerão com a falta de água se o consumo não for alterado e diminuído são assustadoras e precisam de atenção para evitar danos irreparáveis como diversas mortes. Para o filósofo pré-socrático Tales de Mileto, ''tudo é feito de água'' e, nessa perspectiva, seguir o exemplo australiano de investir em infraestrutura para tratamento, reuso e prevenir vazamentos é sinal de valorização desse bem que permeia e mantém a realidade.      Além do uso descontrolado e insustentável, o esbanjador emprego da água virtual - aquela comerciada indiretamente nos produtos- na agricultura e nas indústrias e, por vezes, a poluição por esses agentes tornam o futuro ainda mais arriscado. Segundo a teoria aristotélica, a virtude é o equilíbrio entre o excesso e a escassez, sendo necessário, de maneira análoga, manter o uso dos recursos hídricos para gerar itens de consumo na medida certa, evitando um futuro de carência por uma extravagância no presente. Buscando ações mais sustentáveis, Israel, além de produzir 40% de sua água a partir da dessalinização, usa 80% do seu esgoto tratado na agricultura, aplicando a tecnologia para continuar fornecendo esse bem para sua população, o que deveria servir de exemplo para as outras nações em prol de um futuro melhor para o planeta.       Dessarte, medidas são necessárias para desenvolver um uso mais sustentável dos recursos hídricos e evitar os impactos aterrorizantes da escassez desses. A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU deve, portanto, determinar aos países membros que utilizem novas metodologias para a produção agrícola e industrial, como irrigação por gotejamento, água de reuso e emprego de tecnologias, a fim de promover uma produção mais sustentável e prevenir a escassez desse recurso. Outrossim, é preciso que os governos estaduais instaurem selos de eficiência hídrica com desconto em contas e multas jurídicas por desperdício e esbanjamento de água, visando a favorecer na sociedade uma mudança de perspectiva diante do uso incorreto de bem essencial à vida.