Enviada em: 07/10/2018

Em meados do século XX, considerado o século dourado da água, houve uma grande escala do uso desse recurso, com irrigações, construção de hidrelétricas, barragens. Porém, essa abundância no passado se torna, hoje, uma escassez, como um reflexo de consequência do modelo de gestão brasileira. Nessa perspectiva, é perceptível que impactos são gerados na dignidade humana e no meio ambiente, com a crescente necessidade de minimizá-los.   Embora a Constituição de 1988 tenha como princípio o direito à dignidade humana, nota-se que quando inviabiliza o acesso a água está ferindo esse fundamento. Isso porque é notório que o seu uso é essencial e indispensável a manutenção da saúde, alimentação, higiene, ou seja, da vida humana. Desse modo, grande parte da população que tem o problema de escassez presente, principalmente entre a classe de baixa renda, não estão vivendo, mas sobrevivendo, essa é uma realidade demonstrada na obra de Graciliano Ramos, em "Vidas Secas". Assim, com a má gestão que não disponibiliza a água de forma igualitária, muitas famílias como a de Fabiano, representado na obra, irão continuar com o valor da dignidade e identidade humana desconstruídos.    Além do impacto que a escassez de água  causa na sociedade, o meio ambiente é outro grande alvo, pois provoca mudanças climáticas que agravam a situação. No entanto, essa falta não provêm apenas de fatores climáticas, mas principalmente por poluição e desperdício de qualidade e quantidade, prova disso, foi divulgado pelo Ministério das Cidades, que 41% de toda água tratada no país é desperdiçada. Logo, regiões como o Nordeste, que já não tem clima propenso para chuvas, com esses outros empecilhos a inviabilidade só tende a piorar, e como afirmou a ambientalista Marussia Whately, os impactos da mudança de clima pela água serão sentidos, seja pelo excesso, seja pela falta.   Deve-se constatar portanto, a necessidade de alternativas que reduzam os impactos ocasionados pela escassez de água. Para isso, os Municípios das cidades, com o apoio de empresas privadas, devem ter um planejamento propício de distribuição igualitária, com saneamento básico efetivo e investigação ao desperdício, para que o lucro seja revertido a locais mais carentes e todos possam ter dignidade humana. Somados a isso, o Ministério do Meio Ambiente aliada à sociedade civil devem promover projetos sociais de combate a falta do recurso hídrico, como a "Aliança pela Água",  em São Paulo, que enfrentam a crise de forma coletiva,com novas fontes e alternativas de reuso. Ademais, a mídia passe a divulgar a realidade das consequências da seca e ações de preservação, com aplicativos que unam a população, a fim de haver mais cidadania e acesso aos direitos.