Enviada em: 08/10/2018

As civilizações que viviam no Antigo Egito e na Mesopotâmia, há mais de 10 mil anos, são conhecidas hoje como as "sociedades hidráulicas". O termo vem da intrínseca relação que o desenvolvimento desses povos teve com o rio Nilo e demonstra como o ser humano, desde seus primórdios, sempre foi dependente da água. No entanto, após as revoluções industriais e o crescimento populacional que as sucedeu, o consumo desse bem no planeta foi elevado a um outro patamar que vem se mostrando insustentável: a escassez de água já é uma realidade fatal em muitas regiões e ratifica a necessidade de medidas que visem reverter esse consumo exacerbado no século XXI.       Em primeiro plano, destaca-se que a maior parte do uso da água no mundo atual se dá pela indústria e pela agropecuária, não somente no meio doméstico. O chamado "consumo virtual", que se refere à água utilizada na fabricação de produtos, e os gastos exorbitantes na criação bovina - por exemplo -, mostram como a Revolução Industrial alterou e intensificou as formas de consumir o bem hídrico, a ponto de uma simples calça jeans requerer cerca de 11.000 litros de água para ser feita.       Ademais, deve-se pontuar que a imprecisão das políticas públicas na amenização do problema da água é outro impasse, sobretudo, no nordeste brasileiro. Embora medidas como a construção de açudes, dentre outros meios de contornar a seca, tenham sido incentivadas na região, a grande concentração fundiária, aliada ao sistema coronelista vigente por muito tempo, segregou fortemente o acesso a esses bens. Consequentemente, consolidou-se a desigualdade social na região e agravou a diferença de acesso à água, o que em muito contribui para a pobreza no sertão.