Enviada em: 20/07/2019

Graciliano Ramos em sua obra “Vidas Secas" retrata a jornada de Fabiano e sua família, ao demonstrar a singularidade de uma vida baseada na busca por água no sertão nordestino brasileiro, bioma caracterizado pela escassez desse recurso fundamental à vida humana. Uma vez que menos de 3% de toda água no planeta está disponível ao consumo humano, o estresse hídrico tem se aproximado da realidade, não apenas das classes menos favorecidas e de regiões específicas, mas do mundo como um todo. Dessa forma, a má gestão, o desperdício e a falta de interesse entorno de alternativas para o  gasto desenfreado desse recurso natural, poderá causar sua ausência em um futuro não tão distante.  Em princípio, a mentalidade capitalista, expressa há anos na sociedade mundial, bloqueia o reconhecimento a respeito da importância da água. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), cerca de 70% de toda água consumida no mundo é destinada à irrigação de lavouras, seguida da atividade industrial, com 22%. Visto que os países desenvolvidos não se encontram preocupados em buscar caminhos para obter água potável, possíveis alternativas ainda não são realidade para todos, devido ao alto custo e a necessidade de investimentos em tecnologia, como por exemplo, para a dessalinização das águas do mar por meio da osmose reversa. Assim, há uma  falha do desenvolvimento sustentável, pois o desenvolvimento é superior a sustentabilidade. Como conseguinte, depara-se com situações como a crise hídrica ocorrida em São Paulo, pois o volume da estação Cantareira, que abastece 5 milhões de pessoas na região, chegou ao limite mínimo. Isso se deve, principalmente, pelo desmatamento da Floresta Amazônica que é a maior responsável pela formação de chuvas do país, graças ao alto índice de evapotranspiração. Ademais, a indústria da seca é outra consequência negativa a respeito da escassez da água, uma vez que ignora os Direitos Humanos, explorando trabalhadores por meio de uma “escravidão por dívida”, em que o empregador designa às famílias mais pobres certa quantidade de água em troca de um trabalho compulsório.  Logo, é inegável que a água do mundo não irá acabar, mas existe a chance de a água potável ter seu fim. Portanto, a fim de impedir tal risco, cabe aos representantes do países desenvolvidos, em conjunto ao Clube de Roma, realizarem investimentos nos grandes centros de pesquisas e desenvolvimento, para criar e aprimorar pautas acerca da obtenção de água de uma forma mais acessível a toda população, bem como realizar controle da água virtual existente, a fim de evitar a má gestão e o desperdício. Dessa forma, uma vez barateado o custo para adquirir tal recurso, será possível garantir que a água não seja um responsável por enfatizar as desigualdades sociais no mundo, e, como por diversas vezes ocorreu com Fabiano e sua família, não permitir que existam mais tantas vidas secas.