Enviada em: 08/08/2019

No Brasil, em decorrência da falta de criticidade de muitos cidadãos, tornou-se corriqueira a compreensão de que o afrouxamento das leis ambientais não afeta drasticamente a dinâmica atual. No entanto, embora essa perspectiva permaneça no senso comum, naturalizando esse modo de pensar, é preciso notar o quanto esse ponto de vista é ingênuo ao possibilitar que o indivíduo se isente da culpa e aponte culpados.  A sustentabilidade preza, não só pelo meio ambiente, mas pela economia também. A atual onda liberal tende a alterar vários campos sociais, inclusive o que diz respeito à natureza. O problema pode não estar na legislação, mas na sua prática. Esses entendimentos sobre a flexibilização da gestão ambiental, mesmo que simplistas, tendem a ressaltar fatores como as tragédias de Mariana e Brumadinho, que trouxeram à tona a falta de fiscalização que o Estado deveria prover para evitá-las. Em geral, quando a sociedade não se predispõe a assumir posturas críticas e sensatas, toda a atualização de valores fica propensa a exaltar padrões de conduta nocivos e desvirtuados que banalizam tal problema. Como se não bastasse, há de se atentar, também, à forma perniciosa como diversos segmentos sociais se comportam diante desse assunto, ao subestimar os prejuízos à saúde, como o aumento de casos de câncer relacionados a agrotóxicos, segundo o INCA.  Por conta disso, no debate acerca da mudança legislativa que pode afetar o ecossistema, é preciso enfatizar a urgência do investimento em um maior senso de corresponsabilidade coletiva. Dessarte, em consonância com as ideias da Teoria da Coesão Social, de Durkheim, e do poeta John Donne, não se deve perguntar por quem dobram os sinos, deve-se notar que dobram por todos. Desse modo, é possível evitar a proliferação de posturas meramente acusatórias que, além de desprezarem a atuação pouco eficaz ou inexistente de agentes públicos, também agenciam o aborto de sonhos e o assassinato de esperanças, ao passo que a diversidade é afetada e todo o país pode sofrer de forma sistemática por questões climáticas. Sob essa égide, mais do que se eximir da culpa para apontar culpados, os brasileiros devem atentar-se ao seu poder de ingerência e resolução.  Sem dúvidas, quando restrita a fatores inoportunos, qualquer iniciativa para diminuir os efeitos negativos da flexibilização de leis ambientais está fadada ao insucesso. Assim, faz-se necessário que ONGs ambientalistas, por meio de mídias sociais, propaguem ideologias de que uma sociedade sem sustentabilidade não se sustenta,dessa forma, estimula-se o desenvolvimento de criticidade do cidadão, que, por conseguinte, aliar-se-á às organizações e pressionarão o Estado a fiscalizar os setores agrário e minerador. Afinal, parafraseando o filósofo grego Heráclito, a mudança deve ser a base de tudo.