Enviada em: 04/08/2019

"Nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas tem mais flores, nossos bosques tem mais vida, nossa vida mais amores." Em uma clara exaltação à terra natal, o poeta romântico Gonçalves Dias mostra, nesses versos, a riqueza do território brasileiro. Contudo, algum tempo depois desse período de ufanismo a partir da natureza, o Brasil encontra-se em uma época de renovação da ideia de amor à pátria, dado que passou a canalizar esse sentimento no crescimento econômico em detrimento da preservação do espaço natural. Prova disso, é a proposta de flexibilização das leis ambientais, a qual precisa ser analisada a partir de seus impactos.   É preciso evidenciar, em primeiro lugar, as consequências ambientais diante da escolha pela redução da rigidez da legislação. De acordo com uma matéria veiculada pela BBC NEWS Brasil, o Pindorama liderou o desmatamento de florestas primárias no período de 2018 a 2019. Tal fenômeno ocorreu devido, principalmente, ao avanço da fronteira agrícola, que devasta o Cerrado e a Amazônia brasileira com a  agropecuária e com o plantio da soja. Diante disso, nota-se que, com a aprovação dessa flexibilidade ao pecuarista, o Brasil assina um alvará de legalidade às práticas de crime ambiental.    Cabe ressaltar, além disso, que os desastres ecológicos proporcionados pela flexibilização das leis ambientais não só se restringem à natureza, mas podem atingir milhares de pessoas. Para ilustrar esses possíveis problemas, deve-se tomar como base os crimes ambientais cometidos pela mineração em Mariana e em Brumadinho, os quais ocorreram mediante uma lei considerada "muito rígida". Essas tragédias foram fruto de uma irresponsabilidade socioambiental brasileira, uma vez que culminou com o assassinato de centenas de vidas durante os "acidentes". Diante disso, essas catástrofes deixaram claro o despreparo de determinadas corporações para atuar abaixo de regras mais amenas.    Fica claro, portanto, que são graves os impactos da flexibilização das leis ambientais. Logo, medidas alternativas de crescimento econômico devem ser buscadas, a fim de evitar que as regras brandas venham ocasionar mais desastres ao ecossistema brasileiro. Para tanto, os tecnopolos do país, como a Unicamp, podem desenvolver pesquisas que busquem a exploração sustentável da natureza, direcionando parte das verbas governamentais para esse tipo de estudo. Assim, essas universidades podem apresentar argumentos e uma visão técnica ao governo federal, incentivando este a aplicar no meio natural os conhecimentos acerca da sustentabilidade econômica. Sendo assim, será possível retomar o mínimo respeito às áreas brasileiras, o qual tanto buscou o poeta em exílio nos primórdios da história da Nação Canarinho.