Enviada em: 15/08/2019

A obra distópica "1894", de George Orwell, retrata a relação de desigual coexistência entre homem e máquina, em que o aparato impõe ao ser uma condição de subserviência. Nesse panorama, o mundo, sobretudo os países subdesenvolvidos, tem encontrado desafios concernentes à manutenção do trabalho humano frente à dinamicidade técnico científica, característica da atual indústria 4.0. Desse modo, torna-se imprescindível discorrer acerca desse entrave que, no Brasil, é potencializado devido a à fragilidade educacional do ensino brasileiro e reflete-se na atual e preocupante taxa de desemprego.      Em primeiro plano, é válido explicitar que o arcaico modelo de ensino no país é um fator contribuinte para o agravamento desse cenário. Isso porque, a atual base curricular das escolas não evoluiu de maneira concomitante às novas tecnologias e avanços científicos, promovendo, assim, a manutenção da mecanização do pensar em detrimento do estímulo a capacidade reflexiva e criativa, potencialidades inerentes, sobretudo, à maioria dos jovens. Assim, fica evidente que esse ultrapassado modelo educativo dificulta o contato da coletividade com as novas realidades laborais, que exigem do homem não apenas sua força de trabalho, mas, sobretudo, a compreensão e a aplicação do trabalho humano diante da automatização que a quarta revolução industrial sugere.      À vista disso, o reflexo primário desse entrave é o aumento nos índices de desemprego no Brasil. Isso porque, se não há um efetivo estímulo ao desenvolvimento de práticas associadas à ciência e tecnologia, não há, também, aparentes alternativas de retorno ao mercado de trabalho às pessoas que enfrentam esse cenário de desemprego estrutural. Desemprego esse, conceituado pela Geografia como sendo a excessiva oferta de trabalhadores quando o mercado não é capaz de absorvê-los na mesma proporção. Em face dessa situação, bem como ocorreu com a Revolução Verde, é certo que um dos impactos negativos atrelado à quarta revolução é o desemprego. Todavia, em um país em que a população recebe instruções e direcionamentos para além da prática mecânica, as alternativas para contornar essas consequências tornam-se mais palpáveis e aplicáveis.       Depreende-se, portanto, a indispensabilidade de medidas que atenuem essa problemática. Para isso, cabe ao Poder Executivo, na figura do Ministério da Educação (MEC), atualizar a Base Curricular do ensino brasileiro, a fim de que os estudantes possam ver nos estudos uma maior aplicabilidade em áreas de Ciência e Tecnologia. Em parceria com o MEC, o Ministério da Ciência e Tecnologia, devem financiar programas de democratização da tecnologia, criando polos de educação digital - a exemplo do "Vai na Web"-, a fim de reunir a aprendizagem, o interesse por novas profissões e impactos sociais positivos. Assim, homem e máquina poderão coexistir sem qualquer relação de dominação prejudicial.