Enviada em: 09/10/2019

No filme "Tempos Modernos", o ator Chales Chaplin retrata de forma crítica as inovações tecnológicas do trabalho, advindas da segunda Revolução Industrial, como a produção em série e a alienação do trabalhador ultraespecializado, no modelo fordista. Hodiernamente, em meio a uma nova revolução tecnológica, o mundo se depara, mais uma vez, com novas formas de trabalho que impactam a sociedade como um todo. Nesse sentido, as inovações têm seus pontos positivos, como a livre demanda e a liberdade criativa de onde e como trabalhar, contudo, essas mesmas oportunidades dão espaço a questões desafiadoras como as condições de trabalho e a ausência de garantias.     Mormente, é importante perceber que a automatização dos processos, a exemplo da linha de montagem de fábricas, causa uma discrepância entre a oferta e a procura de vagas, o que reflete no desemprego estrutural. Com isso, indivíduos que perderam seus empregos para as máquinas, buscam novas oportunidades de trabalho e encontram os atuais aplicativos com funções genéricas, como a de motorista ou entregador, que prometem liberdade de horários e praticidade. É a chamada "uberização" do trabalho. Contudo, algo que passa despercebido são as condições de trabalho desses indivíduos, haja vista que o salário não supre as necessidades básicas do trabalhador, o que faz com que o mesmo passe a dobrar sua jornada de trabalho para conseguir um salário digno. Dessa forma, o sujeito se vê escravo do emprego que o prometeu liberdade.     Ainda cima, mostra-se inexistente um vínculo do funcionário com a empresa contratante, tendo em conta que esta não garante direitos básicos de trabalho como seguro saúde, férias ou 13º salário, o que coloca o contratado em uma situação crítica de insegurança em seu cotidiano. Sob essa ótica, o sociólogo Zygmunt Bauman postula que a liquidez nas relações se deve a "modernidade líquida" na qual a sociedade contemporânea vive, em que os processos são rápidos e inconstantes. Nessa perspectiva, a relação empregatícia mostra-se frágil, considerando que a criação de novos softwares facilitam a compra de serviços, por parte das empresas, ao invés de empregados.       Em suma, é fato que a presença da tecnologia no mercado de trabalho, na contemporaneidade, é inevitável e tende a evoluir gradativamente, assim, faz-se necessário adequar tais mudanças as reais necessidades dos funcionários, no intuito de assegurar seus direitos como trabalhadores. Dessa maneira, cabe às empresas privadas garantir, primeiro, direito à seguro saúde, em parcerias com empresas privadas e, posteriormente, firmar acordo com o Ministério do Trabalho para tornar tais vínculos empregatícios mais sólidos e assinar carteiras de trabalho. Dessa forma, os tempos modernos serão sinônimo de oportunidades justas e benefício da sociedade como um todo.