Enviada em: 27/06/2019

Destoante da realidade ideal, o processo de envelhecimento populacional traz consigo uma série de dificuldades para a sociedade brasileira. Nesse sentido, o fulcro da questão está situado justamente nos entraves causados não pelo excesso de uma população senil, mas pela escassez, principalmente, da classe juvenil e de adultos. Além disso, o plano econômico do país sofre diante da falta de mão de obra e dos gastos com saúde, na área da geriatria, e com previdência que, em muitos casos representa um déficit econômico para o país caso não seja feita da forma correta. Assim, é precisa levar em consideração o papel dos novos idosos na sociedade e suas contribuições.           Nessa lógica, boa parte de indivíduos consideram, fugindo das premissas básicas de respeito ao próprio direito humano, a classe senil como um peso desnecessário. Nessa senda, a própria Simone de Beauvoir, famigerada intelectual francesa, afirma que "a velhice denuncia o fracasso da nossa civilização" na medida em que traz à tona a real incapacidade da própria sociedade em proteger e prover a essa classe os requisitos fundamentais de uma vida dentro dos parâmetros da dignidade, tratando-a com respeito e compromisso com o que ela representa: a construção do país tal qual ele é hoje. Diante disso, é preciso notar o erro associado a uma postura intransigente de boa parte de indivíduos que prejudica ainda mais essa situação.      Outrossim, a incompetência administrativa do próprio Estado colabora para o declínio total do problema. Sendo assim, ao se tratar do caso específico da falta de dinheiro para a aposentadoria, infere-se que o rombo econômico gerado alerta para os riscos da classe senil não se aposentar ou se aposentar, mas sem a totalidade dos seus benefícios diante da falta de dinheiro nos cofres públicos, como resultado de uma má gestão ou puro descomprometimento com as responsabilidades sociais. Nesse viés, fica evidente que o envelhecimento da população não é por si só a causa dos problemas, é, contudo, vítima da irresponsabilidade administrativa.      Destarte, essa questão traz consigo diversas nuances a serem discutidas, todavia, a premissa básica de que um indivíduo tem o direito de envelhecer com dignidade deve ser respeitado. Por isso, o Estado, na figura do Ministério da Cidadania, deve estabelecer formas concretas de permitir aos idosos o reingresso  no mercado de trabalho a partir do uso da ferramenta do Cadastro Único, útil para catalogar interessados em empregos, com o intuito de valorizar a mão de obra também dessa classe, reduzindo, pois, o número de idosos ociosos e o peso econômico trazido pelo excesso de uma massa senil e, ainda, trazer de volta ao indivíduo o sentimento de utilidade e pertencimento. Desse modo, transformações reais serão percebidas em prol de uma sociedade mais justa.