Enviada em: 22/06/2019

Promulgado em 2003, o Estatuto do Idoso representa um marco no reconhecimento da dignidade da população longeva. Ao longo dos seus artigos, esse dispositivo legal estabelece garantias legais em relação à saúde, moradia e inclusão social dos idosos. Contudo, apesar desse avanço, os brasileiros -que envelhecem a passos largos - ainda encontram um país pouco preparado para os impactos do envelhecimento de seus habitantes. Nesse sentido, é necessário o debate acerca dos aspectos que influenciam uma nação com anciãos cada vez mais numerosos. Assim, é lícito afirmar que o despreparo do Brasil em lidar com o envelhecimento da população ocorre, ora em função da ineficiência estatal, ora pelo prejulgamento ultrapassado de parte da sociedade.     Em primeiro lugar, evidencia-se, por parte do Governo, a ausência de políticas públicas que busquem dar efetividade ao Estatuto do Idoso. Essa lógica é demonstrada pelo baixo estímulo financeiro à iniciativas que propiciem melhora na qualidade de vida da população mais velha, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que repassa aos beneficiários, mensalmente, valores que devem ser destinados à compra de medicamentos e alimentação. Com isso, a questão do envelhecimento da população é impactada negativamente por parte do Estado, que ignora o fato de que medidas já existentes poderiam contribuir para a vida dos idosos. Logo, é substancial a mudança desse quadro, que destina recursos monetários insuficientes para uma manutenção de vida digna dos mais velhos.       Outrossim, é imperativo pontuar que o preconceito de parcela da sociedade também é um ponto a ser levado em conta, no que se refere à crença de que a ''melhor idade'' é um público que não pode contribuir ao país. Sob esse aspecto, é comum, no país, ver núcleos familiares em que o idoso é tratado como ser passivo, sem desejos próprios e destinado à inércia da velhice. Nesse contexto, José Saramago, escritor português, diz: ''Nem a juventude sabe o que pode, nem a velhice pode o que sabe''. Nota-se, assim, na perspectiva filosófica do pensador lusitano, que é preciso que haja uma aproximação maior entre jovens e velhos, seja com o intuito de aprendizado, seja com o desejo  de impactar positivamente o envelhecimento populacional no Brasil.       Infere-se, portanto, que Estado e sociedade devem trabalhar para minimizar os impactos negativos do envelhecimento no Brasil. Para isso, o Ministério da Economia, entidade máxima responsável pela administração fazendária do país, deve aumentar, por meio de solicitação de crédito complementar ao Congresso Nacional, os repasses e dinheiro destinados ao BPC e outros programas que visem a proteção dos idosos, como o ''Farmácia Popular''. Ademais, é preciso que a Secretaria Nacional do Idoso, mediante campanhas televisivas, incentive a família a inserir os mais velhos em uma vida social.