Enviada em: 13/07/2019

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em seus estudos sobre as relações sociais contemporâneas, disseminou um pensamento segundo o qual a sociedade moderna é ''líquida'', ou seja, as relações estabelecidas pelos cidadãos não são solidificadas nos ideias morais e éticos. Sob essa ótica, é possível fazer uma analogia entre o pensamento de Bauman e o envelhecimento da população brasileira, tendo em vista que essa liquidez social afeta diretamente a vida do público idoso, impactando o exercício da sua cidadania. Nesse viés, não há dúvidas de que a população com idade avançada enfrenta inúmeros desafios no país, os quais ocorrem principalmente devido à negligência jurídica, além de estarem relacionados ao preconceito sofrido por esses indivíduos na sociedade.      De fato, a negligência jurídica é um fator que contribui para a fusão das relações sociais, tornando-  -as líquidas. Nesse contexto, menciona-se que os idosos possuem os seus direitos assegurados pelo Estatuto do Idoso, entretanto a lei nada mais está do que teorizada, não possuindo efetivação na prática. Desse modo, prova-se isso através da carência de políticas públicas voltadas ao atendimento da população idosa, visto que o descaso infraestrutural dos espaços públicos, adicionados à falta de profissionalismo reverberam a problemática. Assim, essa carência de profissionalismo está relacionada à escassez de profissionais geriatras no país, conforme afirma a Organização Mundial da Saúde, situação que afeta negativamente a parcela idosa da população.      Além disso, salienta-se que o preconceito também é um fator que estimula a construção de barreiras sociais. Nesse sentido, a sociedade individualista moderna ao romper a dinamicidade do mundo contemporâneo com atitudes intolerantes, atrapalha a inclusão das camadas sociais, e minoriza, principalmente, o setor geriátrico. Dessa maneira, os indivíduos com idade avançada ao invés de servirem como recurso para a disseminação da sabedoria e da experiência, nada mais são do que tratados como pessoas arcaicas e inativas, alimentando o sentimento de fracasso, principal agente contribuidor para a depressão da terceira idade.    Portanto, cabe ao Governo fazer valer a lei que protege a população idosa, por meio de políticas públicas voltadas ao incremento de rampas e barras de apoio nos espaços públicos, além de promover o emprego de mais médicos geriatras, em parceria com o programa Mais Médicos, objetivando fornecer toda a assistência necessária para o bem estar da população idosa. Ademais, as escolas devem realizar palestras proativas, com a finalidade de elucidar o alunado acerca da importância do respeito perante os idosos, informando que eles não podem ser vistos como ultrapassados, pois suas experiências compartilhadas são de suma importância para a construção de uma sociedade mais rica.