Enviada em: 04/08/2019

No limiar do século XXI, o envelhecimento da população aparece como um dos desafios mais evidentes na sociedade brasileira. A partir de tal questão, a mudança dos hábitos de consumo pode ocasionar fases de retração geral da economia, haja vista que a demanda em determinados setores produtivos - bens e serviços - pode aumentar em detrimento de outros. Nesse contexto, é indispensável salientar que a omissão do poder público pode intensificar esses impactos, uma vez que a não efetivação de direitos sociais - como a promoção da saúde - tende a direcionar o consumo de acordo com as carências da sociedade.     Em uma primeira abordagem, é fundamental destacar que a Constituição Federal de 1988 garante saúde e dignidade para toda a população senil. Todavia, o poder público falha na efetivação desses direitos. Consoante a Aristóteles no livro "Ética a Nicômaco", a política serve para garantir a felicidade dos cidadãos, porém, o que observa-se no Brasil é uma deturpação desse conceito. Em conformidade com esse raciocínio, o tratamento dado aos idosos tem sido de negligência, na medida em que direitos basilares não são efetivados, como saúde, dignidade, respeito, cultura e alimentação. De maneira análoga, a violação do Estatuto do Idoso pode motivar crises econômicas. De modo a ratificar essa máxima, estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada indicam que os setores de saúde serão os mais beneficiados com o envelhecimento da população, já que a disponibilidade de medicamentos, de médicos e de serviços de atendimento móveis não tem acompanhado esse fenômeno populacional.      Ademais, questões geográficas estão intimamente ligadas ao envelhecimento da população no Brasil. Nesse âmbito, a redução da taxa de fecundidade, observada desde a década de 1970, tem contribuído bastante para a problemática, uma vez que a autossuficiência do país em relação à disponibilidade de mão de obra ativa tende a diminuir em progressão geométrica. De encontro a esse cenário, dados do Instituto de Pesquisa de Campinas mostram que a taxa de fecundidade está abaixo da reposição populacional, ou seja, para cada 1,7 pessoas que nascem, outras 2,4 morrem. Nessa pesquisa, também foi constatado que a expectiva de vida do brasileiro tende a aumentar 7 anos nos próximos 30 anos.    Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar essa problemática. Para tanto, os entes públicos são responsáveis pela promoção da qualidade de vida da população, com o intuito de diminuir a demanda pelos setores de saúde e incentivar setores mais diversos, como o de turismo. Isso pode ser feito mediante melhoramento da infraestrutura dos hospitais e desenvolvimento de medicamentos. Com tais medidas, será possível garantir a dignidade dos idosos sem comprometer setores produtivos.