Enviada em: 19/07/2019

No século passado, o sambista Adoniram Barbosa já afirmava “envelhecer é uma arte”. A mensagem em questão parece se adequar perfeitamente à realidade de diversos brasileiros, que se vêem obrigados a enfrentar esse fenômeno biológico num país onde nem toda a sociedade o compreende por completo. A grandiosidade das implicações jurídicas, sociais e econômica direciona o raciocínio num único sentido: o enfrentamento dessa inevitável realidade deve ser pauta de qualquer sociedade comprometido com o futuro e que respeita o seu passado.        Em primeira análise, o envelhecimento é um fato comum a todos, assim como a natural diminuição da força laboral e dos índices de consumo, entretanto, a sociedade brasileira deve assimilar que o crescimento econômico nunca poderá se sobrepujar ao cuidado necessário ao ser humano. Nesse sentido, reiterando que o crescimento descomprometido com o social é inócuo, o economista Ladislau Dowbor, afirma que: “crescer por crescer é a filosofia de um câncer”. Assim, é pertinente esclarecer que, quem envelhece, deve encontrar do estado e da comunidade, inclusão, respeito e dignidade, atributos inerentes a um país que prestigia a educação.        Em segunda análise, vale salientar que, embora o Brasil possua um Estatuto do Idoso, legislação específica no tocante a proteção jurídica e inclusão social, nem sempre o que prevalece é o respeito necessário por essa faixa de cidadãos. Assim, quando as relações interpessoais e políticas públicas são pautadas com prevalência de critérios econômicos, constrói-se realidade onde o indivíduo é desprezado e sua dignidade sacrificada. A compreensão da conjuntura brasileira e a busca pela construção de um contexto social solidário é medida de justiça social.        Evidencia-se, portanto, a necessidade de uma nova abordagem ao tema. Nesse sentido, caberia ao Estado, numa ação coordenada entre os Ministérios da Educação e Economia, realizar palestras e propagandas, no meio escolar e fora dele, com envolvimento do poder executivo municipal, objetivando a instrução da juventude e de toda a sociedade sobre o papel do idoso no mundo moderno, a importância em respeitar essa parcela da sociedade e os direitos que detêm. Somente com educação e respeito à legislação vigente, o envelhecimento citado nas letras do sambista do século passado tornar-se-á uma arte ainda mais bela.