Adoção é um processo legal e jurídico em que uma família, seja essa da forma que for, aceita e inclui espontaneamente uma ou mais crianças ou adolescentes como integrantes de sua vida e convivência; como filhos. No Brasil, há impasses nesse processo, como o perfil desejado pelos futuros pais, que dificultam, tardam e por vezes, até impedem que milhares de infantes e jovens cresçam e se desenvolvam no âmbito familiar, como rege a Constituição brasileira. Cerca de 66% dos brasileiros aptos a adotar não querem acolher irmãos. Conforme o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), há 4881 crianças aptas a serem adotadas; e dessas, 65,68% possuem irmãos. Além disso, em concordância com o site do Senado Federal, a faixa etária mais procurada (até os 4 anos de idade) é restrita e não condiz com a real situação dos possíveis adotivos cadastrados - somente 4,1% dos cadastrados à espera de uma família atendem a esse quesito. Essa discrepância entre os perfis idealizados pelos pais e a realidade dos abrigados, infelizmente colabora para a desobediência à Constituição Federal Brasileira. De acordo com ela, é direito da criança e do adolescente, poder conviver em família e comunidade. E o que ocorre é o contrário: muitos desses indivíduos passam a infância e a adolescência nos abrigos, chegando a alcançar a maioridade e serem retirados do CNA, sem terem sido incluídos em um seio familiar e afetivo. Portanto, nota-se que um grande obstáculo para a adoção no Brasil é o padrão que os futuros pais querem que seus filhos tenham. Dessa forma, é necessário que o Conselho Nacional de Justiça, os abrigos e a Vara da Infância e Juventude façam um trabalho de conscientização aos brasileiros aptos a adotar, por meio de palestras e reuniões com psicólogos e assistentes sociais; para que possam compreender que é possível incluir as crianças mais velhas em seus lares de forma afetiva e efetiva; que acima de tudo, serão seus filhos, e que filho não é para ser escolhido, e sim, conquistado. Assim, será possível fazer valer a nossa Constituição.