Enviada em: 06/04/2019

A série canadense "Anne With an e" destaca-se ao retratar - no início do  século XX - o impacto da adoção da personagem Anne Shirley por dois  irmãos e o estigma do preconceito presente naquele ambiente, onde a  estrutura familiar patriarcal e a preservação da descendência eram  primordiais.  Nesse contexto, a adoção, na contemporaneidade, concebe como Direito Civil a medida que assegura  às crianças e adolescentes a chance de pertencimento a uma família. Contudo, a ausência do Estado  em instigar a perpetuação desse direito e o perfil idealizado de crianças por casais impede a  certificação desse direito na prática.     Primeiramente, observa-se o investimento governamental na criação de programas de incentivo à  adoção, contrapondo à falta de fomento para a aceitação de adolescentes torna-se grave problema  social. A esse respeito, o sociólogo Zygmunt Bauman desenvolveu o conceito de "instituições zumbis",  caracterizadas pela perda do Estado  de sua função social, mas a manutenção - a qualquer custo - de  sua forma. Nesse viés, evidencia-se a inércia e a despreocupação governamental e social à indução de adoção tardia de crianças maiores de 12 anos, o que pode acarretar no abandono do direito à vida e à educação na ausência de uma família, de modo que a governabilidade do Brasil se perpetue na concepção de Bauman.      De outra parte, o real cenário de crianças e adolescentes na espera de um novo lar contrapõe-se ao ideal que um casal, disposto adotar, espera. Nesse cenário, centros de adoção e orfanatos vivenciam a necessidade de dispensar aqueles que atingirem a maioridade, vulneráveis e mais propensos a se envolver com o crime quando não há apoio e direcionamento familiar. Ademais, é dever da família ou responsável assegurar, com prioridade, o direito à dignidade e á proteção conforme Estatuto da Criança e do Adolescente, de maneira que o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana não seja  negligenciado.       Destarte, urge a primordialidade de ações governamentais que visem mudar esse cenário. Diante  disso, cabe ao Ministério Público Federal o apoio à corrente #Adoçãoéamor por meio das redes sociais  e das mídias televisivas, com propagandas de cunho sensível e apelativo para a adoção,  majoritariamente, de adolescentes, os quais necessitam de apoio familiar emocional e educacional para essa fase de transição à vida adulta. Dessa forma, o crescimento dos números de adoção será evidente e os direitos do Estado Democrático serão mantidos.