Enviada em: 06/05/2019

O livro “Anne de Green Gables”, da autora canadense L. Montgomery, retrata a vida de Anne, uma adolescente de 13 anos que foi adotada por um casal de irmãos. Na realidade brasileira, a adoção de crianças e, principalmente, adolescentes é bastante difícil, visto que há uma preferência dos pais por crianças mais novas e determinadas características físicas. Além disso, os processos de adoção são bastante burocráticos, os tornando demorados e, consequentemente, fazendo com que as crianças e os adolescentes permaneçam longos períodos nos orfanatos.     Em primeira análise, a preferência dos pais é um dos fatores que implicam no processo de adoção, visto que existe uma grande diferença entre o perfil desejado e o perfil presente nos orfanatos. De acordo com uma pesquisa do site Globo, 52% dos adotantes preferem crianças com menos de 3 anos, e 66,2% preferem crianças brancas. Essa preferência influência diretamente na permanência de crianças e adolescentes com outros perfis nos orfanatos, fazendo com que esses passem parte das suas vidas ausente num seio familiar.     Vale ressaltar, também, que a burocracia do processo de adoção é outro que fator que leva a permanência de crianças e adolescentes nos orfanatos. O Estatuto da Criança e do Adolescente é o principal responsável pela regulamentação do processo de adoção no Brasil, o que visa garantir a segurança do adotando. Entretanto, não há profissionais suficientes para executar as regulamentações exigidas pelo ECA, fazendo com que ocorra um atraso no processo adotivo e, consequentemente, a permanência de crianças e adolescentes, além dos interessados na adoção, na fila de espera.      Nesse sentido, torna-se necessária a participação de todos os setores da sociedade para reverter os desafios presentes nos processos de adoção. O Poder Público deve realizar a contratação e formação de profissionais especializados para trabalharem na Defensoria Pública, que é o principal órgão que inicia os processos de adoção, além de pôr em prática a lei sancionada em 2017 que visa acelerar a adoção, com vistas a reduzir o tempo de espera dos pais e das crianças e adolescentes na fila de espera. Ademais, campanhas que influenciem a adoção de crianças e adolescentes de variadas faixas etárias e etnias realizadas pela Defensoria Pública são importantes para que esses estejam presentes o quanto antes no seio familiar. Desse modo, mais crianças e adolescentes passarão menos tempo em orfanatos e mais tempo com uma família.